O Professor Substituto

O Professor Substituto Filme Crítica Supo Mungam Plus Sébastien Marnier Pôster

filmiccaSinopse: “O Professor Substituto” conta a história de Pierre, um professor universitário que se encontra encarregado de ensinar uma terceira aula experimental, composta por doze alunos superdotados, após o suicídio de seu professor. Sua chegada é desaprovada por essa classe, que em breve o fará sentir isso. Conforme os dias passam, ele suspeita que tudo está errado e logo descobrirá a verdade.
Direção: Sébastien Marnier
Título Original: L’heure de la Sortie (2018)
Gênero: Drama | Mistério | Thriller
Duração: 1h 44min
País: França

O Professor Substituto Filme Crítica Supo Mungam Plus Sébastien Marnier Imagem

Quanto Vale um Mestre? ou O Desencantamento do Mundo

Dirigido por Sébastien Marnier, do igualmente instigante “Irrepreensível” (2016), “O Professor Substituto” (2018), que estreou na 75ª edição do Festival de Veneza há pouco mais de dois anos, está agora na plataforma de filmes Filmicca em companhia de outros bons títulos franceses dos últimos anos – e que aparecerão em breve com novas críticas publicadas na Apostila de Cinema.

O cineasta utiliza uma classe de alunos em seu último ano de escola como porta-vozes da tragédia global. São apenas seis, mas, em menos de duas horas de filme, quase conseguem nos convencer de que o desencantamento é geral. Com uma boa dose de realidade, os jovens fazem questão de demonstrar sua repulsa pela sociedade e os rumos do capitalismo de maneira enfática e um tanto hiperbólica. Não há felicidade, apenas um jogo de relações baseadas em culpa, remorso e uma atração inegável pela morte (ou, pelos limites da vida).

Assim, nosso professor, Pierre Hoffman (Laurente Latfitte) chega a uma escola de referência para dar aula para um grupo de alunos com notas acima da média. O grupo se mostra problemático de saída e, Hoffman não consegue compreender a maneira como os outros colegas e os diretores agem sem qualquer tipo de espanto ou preocupação com atitudes, no mínimo, desconcertantes de seus novos pupilos.

O ataque ao professor é imediato. Esse, se vê desnudo com perguntas constrangedoras como “Por que você ainda é o professor substituto nessa idade?” – essa doeu no coração- ou “Você acha que consegue dar conta da turma?”. O que parecia se desenrolar em um embate entre alunos e professor, mostrando uma faceta da nossa transformação em mercadoria, no entanto, revela outras realidades da coisificação humana.

Acompanhamos o desencantamento de nosso corajoso protagonista (porque, sinceramente, a vontade é sair de cena logo na segunda aula), conforme este se envolve nas complexas tramas criadas e alimentadas pelos adolescentes. Todos os sons acompanham o decair. Se com o professor original notamos um olhar perdido que acompanha as mãos e as gotas de suor dos alunos e um zumbido constante em conjunto com a impressão de uma fotofobia, com a chegada do substituto esses ruídos na luz e nos sons não somem. Ao contrário, se intensificam. O estresse, então, não era do professor, mas do local. É assim que nos sentimos ao longo do filme. Estressados.

Algumas vezes, as atuações dos jovens sem qualquer tipo de afetação na maior parte do tempo lembram a série conterrânea, “Les Revenants – A Volta dos Mortos” (2012-2015). Por motivos distintos, os personagens, em ambos produtos audiovisuais, aparecem desalmados. A crítica ao que os torna assim também aparece em imagens refilmadas pelos mesmos. Nada que não saibamos que acontece, mas ao vermos questionamos nosso comodismo diante de um desconforto que é de todos. Por que permanecemos parados? Ainda há o que se fazer?

Em “O Professor Substituto” Sébastien Marnier revela desde o início sua intenção de incomodar com barulhos de digitação, passos, torneiras. Tudo muito. O tempo todo. A confusão na leitura de intenções que podemos ter também nos tira do lugar. Não é um filme tranquilo, mas certamente aparece como um dos destaques da Supo Mungan Plus. Reflexos de nossa decadência para quem tem estômago.

Veja o Trailer:

 

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Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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