Dom | Entrevista | A série do Prime Video estreia no dia 4 de junho. Conheça o lançamento.
Dom | Entrevista
“Dom”, nova série do Amazon Prime Video, é lançada em entrevista coletiva
A Apostila de Cinema acompanhou na manhã de hoje a entrevista coletiva de lançamento de “Dom“, a nova série original do Amazon Prime Video. Produzido pela Conspiração, a série conta no elenco com Gabriel Leone, Flavio Tolezani, Isabella Santoni e Raquel Villar, presentes no encontro ao lado do showrunner, diretor e supervisor do roteiro, Breno Silveira e de Malu Miranda, Head de Conteúdo Original para o Brasil do Amazon Studios. Todos os episódios da primeira temporada ficam disponíveis no catálogo no dia 4 de junho, quando vai ao ar uma crítica completa aqui no site. Fiquem ligados e não perca mais uma produção brasileira em um grande serviço de streaming.
“Dom” conta a história de um belo rapaz da classe média carioca que foi apresentado à cocaína na adolescência, colocando-o no caminho para se tornar o líder de uma gangue criminosa que dominou os tabloides cariocas no início dos anos 2000: Pedro Dom. Alternando entre ação, aventura e drama, a produção também acompanha o pai de Pedro, Victor Dantas, que, na adolescência, faz uma descoberta no fundo do mar, denuncia às autoridades e acaba ingressando no serviço de inteligência da polícia.
A entrevista começou com um fala emocionada de Breno Silveira. Momento em que pudemos perceber o que representa o projeto para sua carreira e trajetória. Doze anos antes deste encontro, na mesma sede da Conspiração em que ele estava para realizar a chamada de vídeo, Victor Dantas, inconformado com a leitura pouco humanizada com a qual a mídia apresentava seu filho, procurava um tipo diferente de justiça: aquela que passa por contar uma história.
O primeiro resultado foi o livro “Dom”, escrito por Tony Bellotto em 2020, pela Companhia das Letras. Antes, em 2011, Victor decidiu contar sua própria história aliada à ficcionalidade e escreve “O Beijo da Bruxa“. São essas as duas fontes principais do roteiro que, pela primeira vez na carreira de Breno, contou com uma sala especial para o desenvolvimento do texto, com debates constantes. O realizador deixa claro que o grande tema da série é o amor entre pai e filho. Como um contador de histórias baseadas na realidade, como seus grandes sucessos no cinema “Dois Filhos de Francisco” (2005) e “Gonzaga: De Pai pra Filho” (2012), ele registrou as dificuldades de adaptar essas vidas a uma lógica narrativa.
Isso traz uma interessante característica de “Dom” e que será parte de nossa análise. Silveira destaca esse desapego a um gênero específico, o que aumenta a dinâmica dos episódios. Com oportunidade de desenvolvimento do roteiro e em uma narrativa longa, uma teledramaturgia, porém como obra fechada, foi possível transitar entre ação, drama e outras ferramentas com mais facilidade – um expediente que valoriza ainda mais a excelente montagem da obra.
Isso auxiliou na junção destas fontes e possibilitou uma base sólida em uma complexa produção, pela qual Breno está envolvido há mais de dez anos. Os oito episódios que compõe a temporada foram filmadas em 170 locações e contam com elenco de mais de 150 atores. Com uma direção de arte difícil, usa duas linhas temporais, nas décadas de 1970 e 1990. Não apenas nos elementos cênicos e nos figurinos, mas também nas representações dos territórios.
O diretor e showrunner, então, lembrou que nunca em sua carreira filmou em estúdio, preferiu sempre as locações reais. Envolvendo três favelas diferentes, em períodos distintos, ele conta que foi algo que ultrapassou a pré-produção. Usar o Rio de Janeiro real como cenário possibilitou junto à equipe trocas para além do set. Isso foi fundamental para a integração entre os trabalhos dos atores, principalmente Gabriel e Flavio. Os dois se manifestaram no mesmo sentido, que vão desde o vínculo que eles precisariam criar entre as trajetórias de Pedro e Victor, até a relação que tiveram com pessoas que conviveram com o Dom da vida real e guardam memórias boas e ruins do jovem.
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O elenco de “Dom” também destacou a liberdade em suas interpretações e a forma como a série não se prendeu nem às convenções televisivas, nem às cinematográficas. Desde o uso do silêncio à forma como todos eles criaram novas vias para aqueles personagens, mesmo que vinculados à realidade. Perguntada sobre o alcance da série, que chega a 240 países e territórios em mais de trinta idiomas simultaneamente, Isabella Santoni disse não ter pensado tanto nisso durante seu trabalho, é até difícil de dimensionar. Tal manifestação se alia a uma fala de Raquel Villar, residente em Berlim. Ela destacou o fato do Brasil começar a ser mais observado à luz da conjuntura política e, em parte, pela crise sanitária. Uma palavra que ela usou foi “preocupação”. E isso leva a outra, sempre trazida em narrativas que usam as relações com as drogas e o tráfico como mote: a de fazer apologia.
Breno Silveira refletiu sobre e usou os argumentos sobre a complexidade, não apenas da produção como da trama, entender que não há na vida de Pedro Dom, tal qual mostrada na série, essa perspectiva. Victor dizia que, quando atuava junto às forças policiais, ouvia do próprio pai que estava “enxugando gelo”. A série, então, consegue fazer uma ponte importante no debate sobre a segurança pública no Rio de Janeiro, usando dois períodos em que a violência urbana ganhou dimensão pela forma como o Estado decidiu combatê-la. Este tom crítico acabaria se sobrepondo às representações de um protagonista envolvido tanto na criminalidade quanto no uso de drogas recreativas. O diretor frisou que há um mood na série – e menciona especificamente o episódio quatro, em que há uma virada inesperada – e que também se destaca em nossa crítica a ser publicada junto à estreia de “Dom”.
Sobre as expectativas e planos da Amazon Prime Video, a head de conteúdo Malu Miranda destacou que, em um ano e meio, onze séries brasileiras foram apresentadas ou lançadas pelo serviço. Ela vê muita força no país, que tem como característica o que chamou de “aderência à tecnologia”. O caráter universalista da trama torna a receptividade internacional positiva, pela possibilidade de integração e conexão. Ela deu como exemplo as várias mensagens que o ator Gabriel Leone recebeu de atores e dubladores responsáveis por suas vozes em outros países – o que dá a dimensão de como essa internacionalização torna ainda mais complexa a produção, para além da pensada pela Conspiração e Breno.
Malu avisa que podemos esperar outros lançamentos e anúncios ainda para 2021 e lembra que no Amazon Prime Video há a oportunidade de acessar conteúdos extras, com conversas e imagens de bastidores para complementar a experiência da série. Ela diz que esses vídeos chegam também no dia 4 de junho, junto com todos os episódios de “Dom“. Agora, é segurar a ansiedade pelos próximos dias e agendar a próxima maratona no sofá.
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Assista o Trailer de “Dom”, que estreia em 4 de Junho:
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