Sinopse: O curta-metragem conta a história do músico Wilson da Silva, o Ventania. Influenciado pelo movimento hippie, Ventania caiu na estrada aos 17 anos e rodou o Brasil inteiro vendendo artesanatos e cantando nas calçadas dos lugares onde passava. Em 2001, gravou o primeiro CD com suas composições, tornando-se referência no cenário musical independente.
Direção: Diego Alexandre
Título Original: Só Para Loucos (2015)
Duração: 20min
Gênero: Documentário
País: Brasil
Jurar Ser Melhor
“Só para Loucos” (se a máxima diz que somos um pouco) é um filme para todos. Até pela subjetividade do conceito – muito bem abraçada pelo protagonista do documentário, o artesão e músico Wilson da Silva, conhecido como Ventania – e mais ainda pela visão em perspectiva de nossas vidas. Diego Alexandre visita um hippie, ex-nômade, radicado em São Tomé das Letras. Um lugar recheado de lendas – vinculados a ancestralidade e ao ambiente extraterrestre. Uma região de Minas Gerais com a maior concentração de lindas cachoeiras por metro quadrado – e louco é quem não as conhece.
A viagem do curta-metragem, entretanto, começa em Campinas. Em 2012, Ventania – pai de dez filhos – entende ter deixado um caminhar mais errante para se aproximar de um vida mais tradicional ao lado da companheira e do seu caçula. Se voltou à música e nela obteve reconhecimento na cena independente. Seus depoimentos não deixam dúvida das suas vivências e experiências, que ele faz questão de frisar serem intensas desde a década de 1970 – quando, ainda adolescente – já praticava suas ideologias libertárias. Só que há algo além disso.
O documentado tem certeza da sua consciência, mesmo que verbalize e taxe para si sua maluquice. Chama a atenção essa migração do artesanato para a música, partindo do princípio que – dentro das gavetas onde a sociedade acaba encaixando Ventania – há formas mais ou menos aceitas. O cineasta, transitando entre os extremos da intimidade da sala da casa ao auge da vida pública em cima do palco, afasta qualquer risco de transformar a temática da obra em algo folclórico, agregando respeito à sua abordagem.
Há o que o espectador registra em primeiro plano em “Só para Loucos” de forma bem direta: um homem que se adaptou e aplicou seus conceitos de plenitude de existência a alguns enquadramentos da sociedade – infelizmente necessários em alguns momentos de nossas vidas. E há o que o público consegue alcançar quando ultrapassa a(o) Ventania e faz suas projeções. Lá onde é possível enxergar que o fim não é um conceito fechado. É possível transmutar – e se entender como um ser de múltiplas maneiras de existir, sem perder a essência. Vento que bate lá, uma hora bate cá.
Assista aqui ao curta-metragem “Só Para Loucos”, de Diego Alexandre:
Parabéns, muito bom.
Poderia elaborar um documentário.