Burrow

Burrow Curta-Metragem Oscar Animação Crítica Pôster

Sinopse: Um jovem coelho tenta construir a toca dos seus sonhos, ficando envergonhado cada vez que ela acidentalmente cava na casa de um vizinho.
Direção: Madeline Sharafian
Título Original: Burrow (2020)
Gênero: Animação | Aventura | Comédia
Duração: 6min
País: EUA

Burrow Curta-Metragem Oscar Animação Crítica Imagem

Toca Cativa

Burrow“, como nunca deixa de acontecer dentre os indicados ao Oscar de melhor animação em curta-metragem, é o representante da Pixar. Este ano, o espectador brasileiro pode ter acesso à obra pelo serviço Disney+, em um dos anos mais acessíveis para se maratonar o prêmio da Academia.

Escrito e dirigido por Madeline Sharafian, o filme conta a história de um inexperiente coelhinho que precisa encontrar o seu espaço embaixo da terra. Sempre que ele acredita estar chegando no quinhão que lhe cabe, uma nova situação o coloca como inconveniente, atrapalhando a vida da família ou da casa de algum outro animal. Aqui temos outra tradição do estúdio, o de promover jovens talentos em produções originais, com liberdade de criação. Tradicional também é a linguagem da animação, cada vez mais difícil de se ver. Raro também é o uso de trilha sonora pré-existente, usando o Oboenkonzert de Mozart como elemento da narrativa.

A cineasta de apenas 28 anos trabalhou no departamento de animação de “Viva: A Vida é uma Festa” (2017) e foi uma das escolhidas para a série de curtas-metragens chamados SparkShorts. Na intenção de ampliar o catálogo do nova plataforma de streaming a Disney investiu em um produto de boa receptividade junto ao público. No ano passado foram cinco obras lançadas. A tática já havia rendido uma indicação para “Kitbull” (2019), de Rosana Sullivan e Kathryn Hendrickson – porém, a derrota para “Hair Love” (2019) surgiu como algo inevitável, tanto pela qualidade da narrativa da obra de Matthew A. Cherry e Karen Rupert Toliver, quanto por tudo o que cercava a produção.

Em 2020 foram apenas três curtas-metragens, incluindo “Burrow“. Entre eles, o que mais gerou repercussão foi “Out“, marcado por trazer o primeiro casal homoafetivo da história das animações da companhia. Lançado em maio, parece ter perdido força e a história do coelho, bem mais inofensiva e boba, estreando no dia de Natal, passou a frente na chance de ser nomeado. Por sinal, caso existisse sala de cinema na época, teríamos uma dobradinha do filme com “Soul: Uma Aventura com Alma” (2020), que também traz muita reprodução cansada de sucessos recentes e mesmo assim abocanhou três indicações.

Não há muito do experimentalismo que marcou outras obras da SparkShorts, aqui chegamos perto da linguagem imortalizada pela Pixar em suas produções de menor duração, que o público gostava de acompanhar nas salas de cinema antes de começar os longas-metragens tão aguardados. Um protagonista que sonha em ter seu espaço, o sonho da casa própria, nos ensina em pouco mais de cinco minutos as difíceis dinâmicas de uma vida em comunidade. Mesmo com a internacionalização, parece que temos um lugar cativo para a empresa, com a lembrança de uma obra de pouca ousadia.

Madeline Sharafian poderá seguir caminho solo, como muitos que iniciam sua trajetória no conglomerado e criam suas próprias produtoras – ou pode crescer no Mundo Mágico. Potencial para apresentar uma animação sintetizada e nos moldes que o espectador adora se envolver, ela já provou ser capaz em “Burrow“.

Veja o Trailer:

Clique aqui e leia críticas de outros indicados ao Oscar 2021.

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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