Sinopse: Alzira E é uma mulher que atravessa o tempo. Rompeu com o conservadorismo de seu meio e se tornou uma mulher livre. Nascida no interior do Mato Grosso do Sul, emigrou jovem para São Paulo, onde construiu uma sólida carreira como instrumentista e compositora, com parceiros como Itamar Assumpção, Ney Matogrosso e sua irmã Tetê Espíndola. Unindo irreverência e erudição, seu norte é o agora, aquilo que nunca se perde.
Direção: Marina Thomé
Título Original: Aquilo que eu Nunca Perdi (2021)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 26min
País: Brasil
Matemática Poética
Aproveitando-se da figura marcante de Alzira Espíndola, o documentário de Marina Thomé, “Aquilo que Eu Nunca Perdi“, que já havia chamado atenção no In-edit desse ano, faz parte do recorte “Memórias das Artes Brasileiras” entre os longas-metragens contemporâneos da 16ª Cine OP – Mostra de Cinema de Ouro Preto.
Entre cenas de shows, reflexões durante as gravações e imagens mais casuais da artista, podemos entrever partes do processo criativo que parece poder mesclar todas as experiências afetivas/sensoriais em um pequeno movimento – como a afinação de um instrumento.
Com o nome artístico atual de Alzira E, que a acompanha desde 2007, tudo o que a artista parece fazer foge da ideia da subtração. Assim, o filme aposta ora em imagens desfocadas de luzes do palco, ora em pequenas porções da vida íntima de Alzira para nos aproximar da musicalidade poética e métrica que desagua nos versos de suas músicas.
Contando com um time de peso que inclui a irmã também cantora Tetê Espíndola e a amiga e parceira de trabalho de anos Luli, Thomé revisita acontecimentos da vida de Alzira. Luli, por exemplo, aparece em algumas sequências revelando a origem de algumas composições da dupla ajudando a criar o clima de intimidade com a artista que sentimos durante todo o filme.
As histórias, que continuam com Ney Matogrosso dentre outros, voltam em imagens de arquivo e fotos pessoais impregnadas dos sons da(os) Espíndola(s). Sons que combinavam com uma época de esperanças que mesclavam o regional e o mais cosmopolita. Alzira tem essa capacidade de carregar ainda hoje em uma mesma música polos opostos que, em sua voz, se complementam. Como podemos ver em algumas imagens nas quais aparece com os irmãos, a poesia é uma das forças propulsoras da arte que Espindola promove.
Desde o início, quando todos apresentavam-se em conjunto, mas também ao longo de toda sua carreira, Alzira continua a imprimir sua personalidade independente do estilo musical. “Aquilo que Eu Nunca Perdi” é uma oportunidade para encontrar as Alziras que existem dentro dos compassos e partituras (e para além).
Assista ao show de Alzira E durante o Festival In-Edit 2021:
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