Cantos de Origem

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Sinopse: Três cantoras vindas de diferentes partes do mundo se encontram em São Paulo. Estilos e histórias com origens distintas que acabam se tornando universais.
Direção: Marcella Ferrari, Brenda Zacharias, Paulina Meza, Chico Sales e Gislene Nogueira
Título Original: Cantos de Origem (2019)
Gênero: Documentário
Duração: 20 min
País: Brasil

cantos de origem

A Música e seus Encontros

Integrante do Festival Internacional do Documentário Musical, o In-Edit 2020, Cantos de Origem figura entre os  selecionados para o Curta um Som, que reúne curtas documentais dos mais diversos ritmos. O curta de 20 minutos apresenta a história de três imigrantes de países distintos que encontram em São Paulo a oportunidade de desenvolver sua musicalidade e tentar viver de arte.

Muito semelhante em estrutura à “Afro-Sampas“, o curta dirigido por Marcella Ferrari, Brenda Zacharias, Paulina Meza, Chico Sales & Gislene Nogueira tem uma diferença fundamental nos recortes que fazemos quando pensamos em interseccionalidade. As três entrevistadas são mulheres. Assim ,a dificuldade de ser uma mulher imigrante passa a ditar a tônica da narrativa, ainda que a musicalidade continue como uma espécie de compasso alternativo dessas histórias.

Nduduzi Siba, Jéssica Areias e Pitoniza Gómez, afinal, têm a música não somente como vínculo que as une, mas como uma porta que se apresentou como alternativa em momentos difíceis de suas vidas. Seria cruel pedir que o curta explorasse profundamente a vida de cada uma delas e seus encontros, no entanto, no que se propõe, Cantos de Origem não decepciona.

O breve encontro entre as três cantoras e as entrevistas são bem conduzidas fazendo com que problemas como o racismo forte no país, a xenofobia e o machismo sejam enunciados. Como proposta para abordar as questões, ainda que muito rapidamente, os diretores deixam que as personagens falem livremente sobre os dilemas encontrados no Brasil e suas trajetórias pessoais. O que frustra um pouco é a brevidade que nos é oferecida no encontro do espectador com essas mulheres. Pitoniza Gómez, que veio da periferia de Buenos Aires, Nduduzi Siba, que pretendia voltar para o país de origem -África do Sul- ,mas se vê envolvida em um golpe que a deixa presa por questões judiciais e Jéssica Areais, angolana branca que inicia um discurso desconcertante sobre o estereótipo que o brasileiro faz do africano, certamente têm muito a dizer sobre a relação que estabelecem com São Paulo e como foi ( ou não) o processo de adaptação.

No entanto, a vontade de querer adentrar com mais cuidado na história dessas três mulheres mostra um trabalho de pesquisa acurado. Que seja uma primeira aproximação. De qualquer forma, há que se parabenizar o Matuta Coletivo.

Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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