Sinopse: Em “De Volta à Ação”, quinze anos depois de abandonar a CIA para formar uma família, os ex-agentes de elite Matt e Emily voltam ao mundo da espionagem ao terem seus disfarces revelados.
Direção: Seth Gordon
Título Original: Back in Action (2025)
Gênero: Ação | Comédia
Duração: 1h 54min
País: EUA
Diaz de Luta
Principal lançamento do catálogo da Netflix em janeiro de 2025, “De Volta à Ação” marca o retorno da atriz Cameron Diaz ao Cinema após um hiato de dez anos. No filme, ela é Emily, que abandona a função de agente da CIA ao lado do companheiro Matt (Jamie Foxx) quando engravida e eles decidem ter uma vida menos agitada quando o bebê nascer. Com isso, simulam a própria morte após uma missão, com o objetivo de viver uma pacata vida de classe média nos Estados Unidos. O ator encarou uma experiência de quase morte após sofrer uma grave hemorragia cerebral seguido de um derrame durante as filmagens, interrompendo por meses a produção após uma vitoriosa recuperação que desafiou boa parte dos prognósticos.
Dirigido por Seth Gordon, de obras como “Baywatch: S.O.S. Malibu” (2017), o longa-metragem se assemelha um pouco com “Dupla Jornada” (2022) outro longa-metragem estrelado por Foxx produzido pela plataforma de streaming e que a Apostila de Cinema acompanhou quando de sua estreia. Estamos diante de mais uma obra de estrutura formulaica feita para os menos atentos diante da TV ou do celular, mas o carisma dos atores e as boas sequências de ação garantem a boa experiência para o público mais observador.
“De Volta à Ação” tem início com um prólogo no estilo das cenas de aventura que abrem as narrativas dos filmes de James Bond – e mais formulaico que isso em Hollywood, impossível. Quinze anos antes do foco da trama, conhecemos Emily e Matt em início de relacionamento, em uma missão que começa em uma festa infantil. Para a surpresa dela, ele também parece disposto a assumir as obrigações familiares. Isso porque a exposição à própria vida acontece no minuto seguinte da revelação da gravidez.
O roteiro de Gordon e Brendan O’Brien se baseará no interessante conflito entre pais e filhos. Avançando quinze anos no tempo, Emily e Matt são pais de dois adolescentes: Alice, de 14 anos; e Leo, de 12. Apesar da típica realidade suburbana dos Estados Unidos, a paz daquela família se fundou na base da mentira acerca do passado dos pais. Entretanto, a própria relação entre filhos adolescentes e pais tem como regra um jogo com toques de mentira (e omissão). Faz parte do “trabalho” dos genitores e do modus operandi da prole.
Porém, o jogo de mentiras tradicional não envolve falsas identidades e passaportes, nem mesmo fuga para outro país – o que acontece quando os protagonistas são atirados de volta à ação. A montagem de Peter S. Elliot brinca com o processo evolutivo, ao usar diferentes tipos de canções como parte das sequências mais agudas. No início, com os golden oldies, passando por “At Last” de Etta James (em meio a uma pirotecnia que revela a verdadeira identidade de Emily e Matt para seus filhos) até chegar em “Papa’s Got a Brand New Bag” de James Brown (no clímax do filme em meio ao Tate Modern).
Essa proposta de modernização também se torna um jogo quando a família procura guarida na casa da avó, Ginny, interpretada por Glenn Close. Tirando um dos pontos fracos do filme, o alívio cômico meio bobo de Nigel (Jamie Demetriou), tudo ali contribui para a diversão e o fiapo de arco dramático que produções desta natureza propõem. A ideia de Emily fazer diferente da mãe Ginny com seus filhos aborda um contraponto geracional típico, mas que quase sempre leva a um resultado igual. Ou seja, uma dificuldade de comunicação entre as partes.
No mais, quando a mãe se torna avó ela usa esse peso menor sob a responsabilidade para ser muito mais permissiva com os netos. No longa-metragem isso se dá com uma mistura da frieza inglesa (Ginny se apresenta negando abraço aos netos) com uma crítica à hipocrisia e conservadorismo norte-americanos pela ideia também de modernização – isso é verbalizada pela personagem de Close, inclusive.
“De Volta à Ação” é uma obra de aventura familiar regular, que agradará o público que procura uma diversão despretensiosa de final de semana no catálogo da Netflix. A diversão se dá pelo reencontro com rostos conhecidos como Diaz, Foxx e Close. Termina com a assustadora nova regra da verdade, tão incomum na relação entre pais e filhos adolescentes. E sugestiona uma continuação que, diante de tanto descontinuísmos da plataforma de streaming, não deve gerar muita expectativa.
Veja o trailer: