Desafios do Amor

Desafios do Amor Filme Netflix Nollywood Poster

Sinopse: Em “Desafios do Amor’, uma mulher nigeriana e um homem indiano não permitirão que diferenças culturais atrapalhem seu romance.
Direção: Hamisha Daryani Ahuja
Título Original: Namaste Wahala (2021)
Gênero: Drama | Romance
Duração: 1h 46min
País: Nigéria

Desafios do Amor Filme Netflix Nollywood Imagem

Novos Desafios Reunidos

Assim como vem acontecendo com as produções indiana, a Nigéria começa a ocupar parte do catálogo da Netflix, seja por parcerias de distribuição, coprodução ou aquisição de filmes (dos últimos anos, claro, afinal a plataforma evita ao máximo colocar obras um pouco mais antigas à nossa disposição). “Desafios do Amor” é uma das mais recentes a trazer o espírito de Nollywood para o serviço se assinatura audiovisual mais popular do planeta.

Aliás, o longa-metragem dirigido por Hamisha Daryani Ahuja faz um interessante intercâmbio com Bollywood, como ficou conhecida a indústria cinematográfica da Índia. Na trama, Didi (Ini Dima Okojie) é uma jovem advogada que recebe dupla cobrança de seu pai. A primeira é para ascender de forma meteórica na carreira e a segunda é a que lhe dê um genro, de preferência o pretendente por ele indicado.

Porém, ela gosta de atuar em casos que envolvam pessoas socialmente vulneráveis em uma ONG, além de acreditar na liberdade de escolha quando se trata de relações de afeto. A moça se apaixona por Raj (Ruslaan Mumtaz), um rapaz indiano que se estabelece em Victoria Island em Lagos, maior região metropolitana da Nigéria e a segunda do continente africano. como empresário promissor, mas isso não ajudará na resistência da família de Didi ao relacionamento dos dois.

Quando o par de Raj entra em cena, um número musical faz referência direta às criações bollywoodianas. Há similaridades tanto na linguagem quanto na estética dos dois polos culturais, que afloram assim que a paixão entre os protagonistas é despertada. Quem busca tradicionalismo de uma comédia romântica redonda em “Desafios do Amor” pode se frustrar. A narrativa é exagerada, folhetinesca, da forma como as representações se colocam nas produções populares dos países aqui referenciados.

O pai da moça, por exemplo, aparece de forma caricata, cospe a água que está bebendo quando a filha diz estar apaixonada. A trilha sonora ganha impulso e efeitos de novela quando uma frase é colocada de forma mais acentuada em um diálogo. Sem contar o sofrimento da mocinha, que chora de forma exagerada enquanto uma montagem traz flashbacks de seu relacionamento com o mocinho na tela.

Até que o roteiro de Temitope Bolade e Diche Enunwa encontra um ponto interessante de abordagem social ne metade da sessão. Didi vê como caso relevante para sua atuação a agressão a uma mulher feita pelo filho de um rico empresário. Isso cria um conflito entre pai e filha, já que a família do acusado é cliente do homem. Porém, a partir dessa demonstração de virtude e entendimento de justiça da jovem, um rumo temático é identificado na obra. O suficiente para ir além da simplicidade da história de choque cultural e geracional de mães que não aceitam o namoro dos filhos e discutem entre si o futuro que a elas não pertence.

Uma comédia que lembra filmes como “Casamento Grego” (2002) e derivados, mudando apenas o ponto de tensão entre o Romeu e a Julieta da vez. Pode ser religioso, territorial, de castas, de raça, classe social e por aí vai. Não sobra muito espaço para inovar a partir dessa premissa e até que o resultado final não deixa tanto a desejar.

Um passo importante para aquelas pessoas é não prorrogar a desarmonia familiar e é essa a mensagem que “Desafios de Amor” deixa no meio de lembranças do amor em câmera lenta e uma balada romântica melosa que marcam o tom do ato derradeiro, aquele que ainda acha que fará o público acreditar que o final feliz não será possível. Tentando equilibrar as construções caricatas para tornar Nollywood mais palatável ao público internacional, há espaço até para “Pursuing Happiness“, a canção final pensada para agradar um público que ainda não naturalizou a forma de se proceder em um cinema que tende a ocupar cada vez mais espaço pelas estreias globais.

Resta saber se o medo do novo (ou o preconceito) de parte dos espectadores fará com que eles cheguem a esse ponto. Aos que chegaram, há muitas outras narrativas good vibes com um toque de novela mexicana nonsense e um pano de fundo social aproveitável te esperando no catálogo do serviço.

Veja o Trailer:

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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