Ilha de Segredos

Ilha de Segredos Filme Netflix Crítica Pôster

Sinopse: Em “Ilha de Segredos”, uma local aparentemente pacífico guarda mistérios que colocam um órfão em perigo depois que ele se aproxima da nova e misteriosa professora de Alemão.
Direção: Miguel Alexandre
Título Original: Schwarze Insel (2021)
Gênero: Thriller | Mistério | Drama
Duração: 1h 45min
País: Alemanha

Ilha de Segredos Filme Netflix Crítica Imagem

Promising Old Woman

Direto da distante ilha alemã de Amrum (quase na zona dinamarquesa do chamado Mar do Norte), “Ilha de Segredos” é uma das estreias da semana da Netflix. Uma obra que reúne referências de sucessos contemporâneos de teen movies em um suspense que, apesar de exigir alguns abandonos de lógica, nos mantém conectados até sua conclusão óbvia.

O filme conta a história do jovem Jonas Hansn (Philip Froissant), que surge não apenas fisicamente parecido com Archie Andrews, também se caracteriza por ser sonhador e, portanto, um pouco lerdo. Ele acaba de perder os pais e com traumas potencializados, precisa encarar períodos difíceis em uma escola bem equipada na cidade que seu avô, Friedrich (Hanns Zischler), tem nas mãos ao dirigir a instituição, um orgulho na localidade. Flertando com a colega de turma Nina (Mercedes Müller) ele acaba se envolvendo sexualmente com a nova professor de alemão, Helena (Alice Dwyer).

Não há conexões apenas com “Riverdale” (2017-) sucesso pop dos últimos anos ao trazer os mistérios da Archie Comics para a estética cheia de estilo das produções da CW. Essa obsessão adolescente pelo sexo e as consequências desastrosas são um mote comum desde os anos 1980, seja na comédia ou o em thrillers carregados de sensualidade como “Segundas Intenções” (1999). Reúna o argumento do envolvimento entre professora e aluno, na subversão da lógica de vulnerabilidade de gênero – como acontece em uma das temporadas de “Bates Motel” (2013-2017), para citar outro produto bem-sucedido nos últimos anos (sem ignorar o fato de que se envolver sexualmente com Norman Bates nunca é uma boa pedida, claro).

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Soa como um caldeirão de referências, mas “Ilha de Segredos” tem vida própria. O diretor português Miguel Alexandre não exagera nas provocações e estranhamentos de um cenário inóspito, pinça os elementos envolvendo o clima local e o comportamento daquela sociedade a favor de uma história que se desenvolve de forma crível. Uma sequência de tragédias na vida do protagonista o torna propenso a se fragilizar. Com isso, os planos de se tornar um escritor, que ele guarda na memória afetiva dos pais como um elemento de incentivo, sofre uma barreira de deslegitimidade por parte do avô Friedrich. Ao cruzar com Helena, que se coloca de maneira a ouvir suas ideias, uma paixão movida pelo despertar do desejo adolescente soa natural.

O roteiro de Miguel, ao lado da estreante Lisa Carline Hofer, centraliza o mistério na figura da professora. Não dá muitas pistas, mas deixa claro que é ali que tudo se resolverá. Agora, colocando um spoiler de média intensidade aqui no texto, o único momento em que a verossimilhança perde de goleada está na sequência dentro da biblioteca da escola. Não apenas porque o local é considerado um exemplo e não possui nenhuma segurança (ou um mero inspetor no corredor, como qualquer colégio particular brasileiro), mas também porque a simples análise de uma câmera de segurança jogaria todo o terceiro ato no ralo. Dito isso, caso o espectador supere essa desavença com a busca por realidade em uma trama ficcional, o resultado final deve ser divertido.

Incomoda mais o epílogo desabonador das motivações de Helena, deixando em aberto se ela sabia o que de fato ocorreu com sua mãe. Fora isso, a produção alemã “Ilha de Segredos” é um teen movie curioso, que usa o mistério e a sensualidade de forma equilibrada para tornar a velha conclusão, a partir de tintas exageradas de vilania, no bom entretenimento escapista de final de semana.

Veja o Trailer:

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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