Isca

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Sinopse: “Isca” acompanha um grupo de cinco amigas que precisam lutar por suas vidas em águas abertas depois que um casamento dos sonhos se transforma em um pesadelo.
Direção: Hayley Easton Street
Título Original: Something in the Water (2024)
Gênero: Thriller | Horror | Aventura
Duração: 1h 26min
País: EUA | França | Reino Unido

Isca (2024) Crítica do Filme

Nadando (e Sangrando) com Tubarões

Filmado na República Dominicana, estreou esta semana no Amazon Prime Video o filme de tubarão “Isca”, dirigido pela cineasta Hayley Easton Street. O longa-metragem conta a história de cinco amigas que se reúnem em um resort de luxo para o casamento de uma delas, Lizzie (Lauren Lyle). Ao decidirem se aventurar em um passeio de barco, elas terão pela frente a terrível ameaça animal que mora nos corações cinéfilos desde o animatrônico Bruce de Steven Spielberg em “Tubarão” (1975).

O filme começa com um prólogo contextualizante da torta de climão que acontecerá mais adiante, utilizando duas das cinco personagens. A protagonista Meg (Hiftu Quasem) e Kayla (Natalie Mitson) namoravam um ano antes, quando sofreram um ataque violento de homofobia nas ruas da cidade onde moravam. A primeira foi duramente agredida, enquanto a outra se mostrava travada e impotente. Isso foi fundamental para o afastamento delas, que se encontrariam um ano depois.

Tudo parecia ficar apenas nas aparências, até que “Isca” se torna uma sequência de absurdos que exigem total desapego do espectador. O primeiro deles é transformar a véspera do casamento de Lizzie, mesmo após uma despedida de solteira sem qualquer transtorno, em uma mistura de terapia de casal com “De Férias com a Ex”.

As amigas armam para que Meg e Kayla ficassem isoladas em uma ilha para conversarem até ficar tudo bem. Unindo falta de planejamento com desejo de economizar, elas pegam um emprestado um barquinho a motor de quinta categoria e se distanciam do hotel sem levar nem mesmo uma garrafa d’água.

O thriller se sustenta a partir das escolhas erradas e falta de sorte habituais de produções preguiçosas do gênero. Não avança nem cinco minutos de filme após a quebra de expectativa frustrada com o mergulho de Cam (Nicole Rieko Setsuko), no que parecia ser uma tragédia anunciada. Fica com Ruth (Ellouise Shakespeare-Hart) o peso de ser a primeira vítima, com a rapidez de um mal-sucedido fake jump scare.

Para além disso, na “garoteada” mais impressionante dos últimos anos no Cinema, após a quebra do barco de baixo orçamento, as amigas decidem nadar com os tubarões carregando alguém que espalha sangue por onde passa. Levando os limites da amizade a outro patamar, esse abandono da lógica nunca será um problema caso o resultado final seja uma obra que consiga conduzir as emoções, desenvolver a tensão ou apresentar boas sequências.

Construções dramáticas com os traumas do relacionamento da protagonista e tentativas de humor involuntário pelo casamento de Lizzie se mostra frustradas no roteiro de Cat Clarke. Nada se sustenta quando precisamos lidar com uma história que precisa criar um novo absurdo para continuar. “Isca” não chega a gerar um incômodo, nem em diálogos constrangedores que mencionam o aquecimento global à beira da morte por tubarões. Só que nem ao menos criar o desejo de torcermos pelo antagonista o filme consegue fazer.

Veja o trailer:

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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