Sinopse: Julite é um curta-metragem experimental que parte da reflexão sobre o poder e a força da correnteza, ocupações de territórios em seus mais diversos sentidos e um entendimento acerca da corporalidade.
Direção: Castiel Vitorino Brasileiro
Título Original: Julite (2020)
Gênero: Experimental
Duração: 7min
País: Brasil
Dessamarrar-se
Castiel Vitorino Brasileiro é psicóloga nascida Espírito Santo e radicada em São Paulo. Trabalha a arte como proposta de pensamento para o corpo negro em diáspora. É também idealizadora do Curso Estéticas Macumbeiras, que já formou quatro turmas em cidades diferentes do Brasil.
Os projetos de Castiel têm como centro a corporalidade, ainda que essa se apresente de inúmeras maneiras – como podemos observar no livro Devorações. Esse, aliás, torna-se boa plataforma para quem deseja ver o que artistas visuais negros estão produzindo no Brasil em um processo de descolonização não só de seus corpos, mas também da própria arte. Nesse sentido, Brasileiro é uma das artistas que vem se propondo a discutir e a construir um diálogo entre diversos artistas negros do país.
Em Julite, obra que apresenta dentro do programa IMS Convida, a artista, tal qual em outros projetos, mescla diversos tipos de plataformas, como o próprio vídeo, além de desenhos e movimentos corporais sobrepostos que podem ser entendidos como uma dança de múltiplos corpos.
Remetendo aos ancestrais, a realizadora enxerga que, em sua própria expressão de gênero – travesti – há muito do que aprendeu nos terreiros.
Julite é uma homenagem.
Ao olhar o presente e suas transformações, Castiel Vitorino nos convoca a olhar o passado.
VEJA O FILME:
“Desde muito cedo ouço minha avó Julite alerta-me com o ditado popular: ‘meu filho, uma andorinha só, não faz verão’. Talvez um dos processos mais difíceis que venha experienciado é o de criar trajetos seguros entra a(s) rua(s) e a minha casa. Trajetos esses que me possibilitem continuar produzindo em mim, uma geografia híbrida dessas paisagens por onde insiste em me constituir. Tento interferir nos lugares, para fazer em mim e de mim uma geografia existencial saudável.”
(Trecho do Prefácio de “Devoração: Descolonizando Corpos, Desejos e Escritas” – Organização de Castiel Vitorino Brasileiro, 2018)