Mortal

Mortal 2020 Filme Crítica Telecine Pôster

Sinopse: “Mortal” é uma aventura fantástica onde um jovem descobre que tem poderes divinos baseados na antiga mitologia norueguesa.
Direção: André Øvredal
Título Original: Torden (2020)
Gênero: Ação | Fantasia | Thriller
Duração: 1h 44min
País: Noruega | EUA | Reino Unido

Mortal 2020 Filme Crítica Telecine Imagem

Martelando Referências

Dirigido pelo norueguês André Øvredal, a fantasia “Mortal” é mais um dos lançamentos desta semana do Telecine. Mais um que replica fórmulas de gêneros e histórias contadas algumas dezenas de vezes nos últimos anos pelo Cinema. Aqui, o mote é a velha trama do filho de Odin, aquele mesmo que já ganhou algumas releituras – incluindo sua participação no Universo Marvel. Atraindo para o projeto o norte-americano Nat Wolff e alinhando uma coprodução que torna a obra mais próxima de um audiovisual do eixo, a narrativa usa a construção de expectativa por trás do fato grave que teria acontecido com seu protagonista, Eric.

As primeiras sequências parecem até uma sobra das gravações de “O Regresso” (2015). A paisagem gelada e uma mata densa nos intriga com aquele homem que caminha em direção à cidade. São poucas as explicações, até mesmo as verbalizações – até que aquela áurea de novos poderes ainda não controlados ganha forma. A princípio, pelo nervosismo que faz a eletricidade entrar em pane. Eric, então, receberá a ajuda de uma psicóloga forense, que carrega consigo seus próprios traumas.

Mortal” se divide em duas frentes: a elucidação sobre um crime grave, sendo seu protagonista o único sobrevivente de uma matança de jovens; e o que há por trás dessa transformação de seu corpo e mente. O que poderia tornar diferente este festival de obviedades é o toque de incidente diplomático, já que Eric é um norte-americano em território norueguês. Uma funcionária da Embaixada, então, será parte importante desta trama. Ou não, já que o roteiro de Øvredal (ao lado de Norman Lesperance e Geoff Bussetil) faz de tudo para não ousar. Em nada.

Sequências que tentam reconstituir os passos do personagem se equilibram com a própria leitura acerca dos tais poderes. A busca por domá-los, a chance de ser visto como um herói e o despertar daquela comunidade carente de ídolos, que se baseiam na clássica lenda de Thor para entender a presença de Eric como algo messiânico, em uma espécie de fascínio. Várias buscas, mas nenhum resultado prático.

Enquanto linguagem, o filme parece perdido, flutua entre o contemplativo e o mistério – com toques de thriller e um ensaio de jornada do herói. Com uma cartada referencial do conhecimento do espectador-médio pelo mitológico, ainda rola um flerte com o romance. Muita coisa, nenhuma unidade e cenas que trafegam pela tela como se folheássemos uma graphic novel pouco interessante que pinça elementos canônicos para reproduzir uma narrativa popular.

Assistido em sessão dupla com “A Maldição dos Esquecidos“, “Mortal” é mais um convite ao esquecimento, um teste de memória e um desafio para quem precisa trazer algo novo no meio de tanto lugar-comum que tão bem o resumiria.

Veja o Trailer:

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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