O Último Jogo

O Último Jogo Filme Roberto Studart Crítica Pôster

Sinopse: Dois vilarejos separadas por 9km e uma rivalidade ferrenha. Do lado brasileiro, os habitantes de Belezura, uma pequena cidade que vive de empregos na indústria moveleira, está prestes a encarar dois eventos que mudarão suas vidas: o fechamento da fábrica e a última partida de futebol contra os arquirrivais argentinos do povoado vizinho, o que para eles torna-se a última partida de futebol antes do fim do mundo. E em um ponto todos concordam – é preciso vencer, nem que para isso tenham que dar a própria vida.
Direção: Roberto Studart
Título Original: O Último Jogo (2021)
Gênero: Comédia | Esporte
Duração: 1h 40min
País: Brasil | Argentina | Colômbia

O Último Jogo Filme Roberto Studart Crítica Imagem

A Bola, o Choripan e uma Cervejinha Bem Gelada

Alguns amores unem Brasil e Argentina. O tango e o samba. O cinema. O futebol. Ah, o futebol! Ver o bairro de La Boca movimentado por uma partida decisiva do Boca Juniors é uma experiência única. Meio como ver a saudosa geral do Maracanã cheia de flamenguistas. River e Botafogo que me perdoem, mas esses são alguns dos momentos exemplares de êxtase causados pelo futebol. Algo de outra ordem. Transcendental. Que convoca nossas memórias afetivas de infância, mas também uma coletividade que se dá somente no estádio e ao redor dele.

Nós, argentinos e brasileiros carregamos uma relação tão forte com esse esporte que, além de convocar, às vezes eles nos faz parar o/no tempo.

O Último Jogo” trata da temática a partir de dois pequenos vilarejos. Um do lado brasileiro, outro do argentino. O futebol é o fio condutor que conecta personagens e tramas paralelas ao redor desse amor inevitável.

A comédia, falada em nosso idioma favorito, o portuñol, trabalha com todas as tensões advindas das diferenças culturais com leveza e um certo tom caricatural que, aqui, cabem. É claro que não estamos falando de grandes times reconhecidos, mas de clubes que movimentam ambos vilarejos e que criam uma espécie de identidade local acompanhada por todos os moradores. Talvez, seja difícil para quem não gosta do esporte compreender esse poder gerador de brigas, comemorações- e sacrifícios- que só faz sentido para um torcedor.

Não por acaso, inúmeros estudos sobre a relação entre futebol e identidade nacional foram desenvolvidos nas últimas décadas. Importante lembrar que essa é uma construção e, não um fato dado. E, é constantemente alimentado. Podemos pensar na comoção que foi perder uma Copa do Mundo no país e em todas a piadas, memes e reações que o fato gerou para nós e nossos hermanos. O futebol não é um jogo que se vive só, mas em coletividade. Por vezes, ele é quase um estado de espírito em comunhão. Por muitas vezes, é essa comunhão que nutre a existência desses pequenos times que vivem somente do amor ao esporte e da rivalidade.

Em uma coprodução entre Brasil, Colômbia e Argentina, o diretor Roberto Studart traz uma comédia despretensiosa que transita entre o humor argentino e o brasileiro. A acidez e a jocosidade. Sempre dá para comer uma empanada de cebolla y queso com uma caipirinha no ponto. Ou, a gente se encontra na cerveja. Com Norberto Presta representando a dramaticidade argentina entre atores brasileiros, podemos dizer que vale a cancha, mas não espere de “O Último Jogo” mais do que ele se propõe a oferecer.

Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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