Sinopse: O corpo re-existe e insiste, pois nunca é um envoltório fechado, mas sim canal de passagem e transe entre as mais diversas dimensões espirituais (Obatala Film). Filme-devoção, filme-oferenda. Filmado na mítica Ile-Ife, cidade sagrada do povo Yoruba e fundada pelos próprios Orixás, este filme procura afirmar de modo sensorial a vertigem de entrar em relação com Obatala, orixá criador do mundo, da luz. Transe de faíscas de luz, de corpos em conexão espiritual.
Direção: Sebastian Wiedemann
Título Original: Obatalá (2019)
Gênero: Documentário
Duração: 7min
País: Brasil
Sinergias Afrodiaspóricas
“Obatalá“, disponível na Mostra Embaúba Play, é um curta de texturas, ritmos e sensações. O colombiano radicado no Brasil, Sebastian Wiedemann, escreve ao apresentar o próprio trabalho: “Hay un movimiento, hay un ritmo del mundo, del cosmos, que aun esta por ser percibido. Hacerlo aparecer al plegar y desplegar la imagen, al hacerla devenir“.
Essa perspectiva cosmológica do mundo dar-se a ver em seu curta de 7 minutos. “Obatalá” é filmado com uma Super-8 em três cultos religiosos de Brasil, Colômbia e Nigéria. Assim, a religiosidade afro e afrodiaspórica faz parte da busca de Wiedemann, mas também isso que anuncia em seu currículo: a dança da vida.
Obatalá é o criador do mundo. O orixá responsável pela origem. Em suas imagens sincronizadas com os batuques em uma velocidade intensa, o cineasta parece mesmo simular um big bang de desenhos religiosos, corpos e parte de plantas e rios. O ritmo e os grãos impostos pela Super 8 também ajudam a nos levar a um transe logo após alguns segundo.
Somos jogados para dentro do curta sem nos darmos conta e somente em seu minuto final “Obatalá” revela outro tipo de conexão. A edição é essencial para essa sensação, não por acaso saiu com o prêmio de melhor edição do Forumdoc.BH de 2020. Quem tem qualquer experiência com as manifestações das religiões afro, sabe que a sensação temporal é um de seus mistérios. Wiedemann consegue absorver bem isso e entregar uma bela homenagem à Obatalá.