República

IMS Convida - República

Sinopse: “República” é um curta-metragem realizado durante o período de isolamento social e os protestos antirracistas de 2020, é um experimento de reflexão com a marca da experiente e consagrada realizadora, roteirista e atriz Grace Passô.
Direção: Grace Passô
Título Original: República (2020)
Gênero: Ficção
Duração: 15 min
País: Brasil

Dejala Llorar

Grace Passô tem uma característica que não é somente dela, mas que é comum a todas boas atrizes: seu olhar diz muito. Transborda muito. Não à toa, grande parte dos planos são closes de seus olhos.

Em uma ficção na qual utiliza a metalinguagem, discute a existência do país Brasil.

O que é o Brasil? Quais são os “Brasis” possíveis? E, quais corpos possibilitaram e possibilitam essa existência?

O filme dentro do filme parece até uma brincadeira com o próprio Brasil.  O seu Brasil não é o meu, assim como não é o de Passô. Também é uma provocação o próprio trocadilho com o nome do filme, que pode significar o sistema governamental pelo qual somos regidos ou o bairro da República em São Paulo, no qual o curta foi gravado.

Por isso, sonhar a não existência de alguns Brasis, para a atriz, diretora e roteirista de “República” (parte do programa IMS Convida) torna-se uma maneira de gritar de dor e alegria. Tudo ao mesmo tempo! A eminência de acordar de um grande sonho compartilhado torna o silêncio de Passô angustiante.

Afinal, estamos ou não sonhando? Quais sonhos sonhamos juntos?

O Brasil tem nos feito repetir essa pergunta ao longo dos séculos. Passô vê na anunciação de um Xamã, figura importante para os povos originários dessas terras, a possibilidade de um Brasil que sequer jamais existiu. O Xamã é aquele que nas tribos indígenas toma conta da relação entre os vivos e a transcendência.

É curioso pensar que, ao mesmo tempo, precisamos transcender e fincar os pés em algumas decisões éticas para a possibilidade de um Brasil sonhado em conjunto.

Qual?

Não sei.

A música, cantada pela colombiana Etelvina Maldonado, só faz com que o filme transborde mais. E estamos precisando de transbordamentos.

Veja o filme:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *