Sinopse: São os pré anos 3000. arte é crime. refletir é proibido. Ler não existe mais. Somente produções e consumos em massa são permitidos. RODSON®. Um garoto com seu animalesco instinto artístico represso pela sociedade ao seu redor, só mais um de muitos… O governo anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob controle, mas sua mente concebe CALEB® o alterego de RODSON@ que o lança estrada a fora, abandonando ares-condicionados em busca da alucinação perfeita sob o Sol sem dó de 2000°C que a última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade.
Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra
Título Original: RODSON ou (Onde o Sol Não Tem Dó) (2020)
Gênero: Ficção
Duração: 1h 14min
País: Brasil
O Disco Chegou
Presente na Mostra Olhos Livres da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes e sendo mais um filme do Ceará (assim como outros filmes que, inclusive, geraram grandes entrevistas aqui na Apostila de Cinema, como: “Pajeú“, “Noite de Seresta” e “Swingueira“), “RODSON ou (Onde o Sol Não Tem Dó)” vem com um aviso em sua primeira cena: esse filme passou pela censura.
Vivendo em um futuro que beira os anos 3000, a arte foi abolida e Rodson sofre por ser uma criança cheia de imaginação. Sua abertura do é uma mistura curiosa de “Guerra nas Estrelas” (1977) e “Bacurau” (2019). E, é possível que seja mesmo entre um espaço infinito que distancia as duas obras que se encontre “Onde o Sol não tem dó”.
Apresentando, além da censura e de uma vida limitada que, muitas vezes, nos remete ao passado, o mundo que encontramos na ficção é também de extremo calor- daí o sol sem dó do título. No entanto, o que parece fazer com que Rodson sofra verdadeiramente é a impossibilidade de colocar sua criatividade em prática. Esta é reprimida até pelos pais, estranhas figuras que orbitam entre a ordem e a desconexão com o mundo ao redor.
Com muitas imagens que lembram hologramas, mas ao mesmo tempo, utilizando-se de frames que nos levam aos antigos videogames de 8-bits, a estética do filme é matizada e parece quase como uma junção aleatória de imagens – o que aqui aparece como elogio.
O protagonista prefere transitar com seu robô Caleb ao invés de deixa-lo ser completamente destruído. As cenas que se seguem, curiosamente, me lembram algum filme surrealista da década de 1970, assim como algumas músicas utilizadas durante o filme. Cream, Jehtro Tull, até mesmo Secos e Molhados ou Mutantes. Uma mistura que nos apresenta ao futuro que já passou.
A atuação exagerada combina com todas essas cores e sons que, por vezes, nos deixam confusos, porém impelidos. O LSD de Rodson seria bem-vindo com a realidade que nos cerca. Sua mística, entretanto, acaba por locais mais tenebrosos.
Seremos capazes de enfrentar o Blade Runner (1982) real quando ele chegar? Adirley Queirós (2014) já nos avisou que não será fácil. Curioso pensar como a produção consegue também dialogar com a obra de Guerreiro do Divino Amor, presente nessa edição da Mostra de Cinema de Tiradentes (e do qual falamos em nosso texto da Sessão 1 da Mostra Foco Minas).
Cleyton Xavier – acumula uma função no roteiro-, Clara Chroma e Orlok Sombra surgem como nomes a serem acompanhados no cenário nacional. Se a milícia do futuro será como a retratada no filme, não sabemos. Mas é melhor não esperar. Ah, essas ficções científicas que parecem trazer o contemporâneo para tela… E, ainda há espaço para brincar com a metalinguagem. Em Rodson, a realidade assusta tanto quanto a alucinação.
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adorei o texto, obrigado pelas palavras <3
:* que venha o cinema da nova geração