Sinopse: Percurso de um homem através do tempo ou espaço infinito.
Direção: Paula Gaitán
Título Original: Se Hace Camino al Andar (2020)
Gênero: Documentário Experimental
Duração: 35min
País: Brasil
¿De qué Manera se Presenta el Camino?
Dentro do recorte que homenageia a multiartista visual Paula Gaitán na 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, pode-se dizer que “Se Hace Camino al Andar” não chega com tantas expectativas quanto o já realidade “Luz nos Trópicos“, mas traz a simplicidade do vento e dos barulhos na terra.
Ao acompanhar o percurso de um homem solitário que simplesmente caminha, com sua câmera parada, a cineasta me faz recordar na mesma semana de um poema conhecido.
A surpresa vem inesperada em um filme que começa com a calmaria. Surgem homem e máquina diante da câmera de Gaitán. Uma carona, um desejo? Segue o homem só.
Em seu vai e vem despertamos para o ensinamento mais básico da vida. A inércia é a morte.
Assim como a busca contínua por novos olhares que a própria diretora persegue (ou melhor, deixa se desabrocharem diante de si), nosso protagonista repete um caminho que não sabemos de onde parte, nem para onde vai.
Descalço adentra os milharais. Sons são muitos, mas nem sempre identificados. Em “Se Hace Camino al Andar“, quando Gaitán resolver movimentar a câmera, é um cântico africano que nos guia. Axoxô, ouvimos. Talvez, uma alusão à oferenda preparada para Oxóssi, Ogum e Olokun, reconectando aquele homem à terra e aos seu laços com a mesma. Como em outros filmes da artista, nada é entregue se não nos predispusermos a tentar ver o que não está nos planos. Paula atravessa a câmera com a facilidade que somente aqueles que a conduzem muito bem conseguem.
As abelhas também são constantes em nosso percurso. O que há na plantação? Talvez somente mais plantação de milho que faz nosso protagonista vivenciar o ser da natureza em cada um desses momentos.
Já que fui provocada pela segunda vez essa semana, deixo aqui o poema completo de Antonio Machado.
Caminante son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino:
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.
Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse…
Nunca perseguí la gloria…
Caminante son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar…
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
“Caminante no hay camino,
se hace camino al andar…”
Golpe a golpe, verso a verso…
Não sei se ele foi a inspiração de Gaitán para essa obra, mas o que podemos apreender do ensaio visual poético está em uma das estrofes de Machado: “Todo pasa y todo queda, pero lo nuestro es pasar, pasar haciendo caminos, caminos sobre el mar”.
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