Sozinha

Sozinha Filme Crítica Telecine Pôster

Sinopse: Em “Sozinha”, uma viúva ainda em luto deixa sua cidade natal em uma tentativa de lidar com a perda do marido. Ela então é raptada por um homem misterioso e trancada em uma cabana no Pacífico, mas consegue escapar, fugir para a floresta, enquanto é caçada por seu algoz.
Direção: John Hyams
Título Original: Alone (2020)
Gênero: Thriller | Mistério | Drama
Duração: 1h 38min
País: EUA

Sozinha Filme Crítica Telecine Imagem

Corra por Socorro

Seguindo uma tradição norte-americana de ter seus próprios remakes de bons plots de suspense e terror, “Sozinha” reproduz o roteiro de “Försvunnen” (2011), produção sueca escrita e dirigida por Mattias Olsson. Se valendo de uma direção inspirada de John Hyams, o filme – que chega neste final de semana aos canais e serviço de streaming do Telecine na faixa première, tem foco total em dois personagens, usando uma narrativa sobre perseguição para desenvolver uma obra que soa como um manual de gênero.

Jessica (Jules Willco) é uma mulher que ficou viúva há seis meses. Com dificuldades de superar a perda do amor de sua vida, ela decide partir para o recomeço. Se muda para o outro ponto da América, em uma viagem solitária que durará alguns dias. Na verdade, o grande erro da protagonista é bem parecido com alguns dos nossos maiores tropeços: ela não ouve sua mãe, que se surpreende com a antecipação dos planos para o dia anterior do originalmente combinado. A atriz, que quebrou o pé no início das filmagens, teve que se virar desta maneira porque um adiamento era impossível – contando muito com a ajuda de sua dublê, Michelle Damis.

Com pressa de reestruturar-se e em respirar novos ares, a mulher dirige incansavelmente pelas estradas estadunidenses. Até que percebe que está sendo perseguida por outro carro, que parecia não lidar bem com a rapidez do veículo de Jessica. Há um diálogo entre “Sozinha” e “Fúria Incontrolável” (2021), thriller estrelado por Russel Crowe que faz parte do catálogo do Amazon Prime Video. Não apenas porque as representações e toda a linguagem imposta se baseia em uma situação-limite. Mas também porque, tanto a personagem de Wilco quanto Rachel (Caren Pistorius) – perseguida pelo Homem do outro longa-metragem, carregam consigo um medo inerente.

A base deste medo, claro, está vinculado à vulnerabilidade enquanto mulheres. Fosse a protagonista um homem, a narrativa de recomeço teria ares de road movie. Até mesmo a urgência de produções de mote parecido, como “Breakdown – Implacável Perseguição” (1997) levam seus desenvolvimentos a outros caminho. Aqui o serial killer Robert (Anthony Heal) não precisa tanto de motivações, é quase um criminoso acidental. Usando tática parecida com a do assassino real Ted Bundy, que também simulava pedidos de ajuda para se envolver com as vítimas, ele rapta Jessica e a leva ao cárcere privado.

Quando falamos que “Sozinha” soa como um manual de gênero, é porque o cineasta abre a caixa de ferramentas para usar toda a estética do suspense a seu favor. Da trilha sonora às escolhas de planos, closes que telegrafam as pretensões, que destrincham as sensações da protagonista, dentre outros que surgem de forma calculada. Para quem gosta de apreciar esta modalidade clássica, é bonita a forma como o longa-metragem se desenvolve. Até enquanto representação, segmentada em um segundo ato que se inicia com a exploração do sofrimento de um cativeiro – com a valorização de agressões e gritos – para seguir adiante nas tentativas de fuga.

Usando as diversas expressões da água como elemento, a trajetória de Jessica vai se tornando mais densa na floresta que ela precisa desbravar para se ver livre de Robert. Hyams abusa dos enquadramentos virtuosos, limpos, estáticos, com profundidade ou usando espelhos. Potencializa os barulhos da natureza quase como um personagem que ganha forma na fase aguda da obra e vai nos ganhando com um desenho de som também inspirado.

Quem procura imersão, consegue e se vê vidrado nas imagens até o fim. Se pelo lado de Jessica, fica a lição de ouvir a mãe, talvez Robert aprenda a nunca mais mentir para a esposa – em um clímax que traz a lama com último elemento forte, em nova proposta de violência. “Sozinha” ainda se permite estas válvulas de escape mundanas no meio de uma trama assustadora, porém absurdamente real.

Veja o Trailer:

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

1 Comment

  1. Gostei do filme, da perseguição, do suspense, embora faltasse mais intensidade.

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