Leia a crítica de Subterrânea e assista a entrevista com Pedro Urano, destaque do dia em Tiradentes.
Sinopse: Sub
Sub solo
Sub terra
Sub mundo
Sub desenvolvido
Sub América
Sub verter
Sub liminar
Sub alterno
Sub mergir pelas matas ou nas ondas do mar
Sub way
(depois de H.O.)
Direção: Pedro Urano
Título Original: SUBTERRÂNEA (2020)
Gênero: Aventura
Duração: 1h 23min
País: Brasil
SUB(complete com seu medo e/ou desejo)
De que são feitas nossas memórias? Imagens de arquivo ajudam a rememorar aquilo que só ouvimos em narrativas. “Subterrânea“, filme dirigido por Pedro Urano e parte da Mostra Olhos Livres da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, parte do meteorito que estava no Museu Nacional quando de seu incêndio em 2018 e dos fragmentos do próprio Museu. Seremos nós nossas próprias pedras, capazes de detonar com milhares de populações e o que restou delas?
De qual mundo estamos falando? De qual fim? A destruição causada pela própria humanidade.
O que precisamos destruir para criar “novos” mundos?
Antropologia, Arqueologia, Geologia. Cientistas tentando compreender nossa destruição.
Todos nós não usamos máscaras, professora? Há como chegar ao nosso real eu? E, se por um acaso cheguemos, gostaremos de encontrar o que se esconde por detrás de nossa resiliência?
O Rio que foi invadido e pavimentado, agora que emergir. Apesar de se tratar de uma situação ficcional, “Subterrânea” nos mostra um Rio que ignora a si mesmo. As consequências chegarão de todas as formas. A mudanças constantes no território (que podem ser acompanhadas pelo projeto imaginerio), volta e meia gritam com alagamentos constantes e uma rede de esgoto que precisaria urgentemente ser reestruturada. Mas, tudo bem. Temos a praia. Mesmo que essa também, em geral, esteja empesteada de cocô, como a água que bebemos atualmente.
O que está emergindo é bem mais que água salgada. São corpos, histórias e culturas. Que o Rio de Janeiro é uma cidade que preza pela sua forjada natureza turística e pela movimentação imobiliária, sabemos. Mas, por quanto tempo mais iremos aguentar? O que não conhecemos de nossa história? O encontro com o que restou a Igreja de Santa Luzia é somente uma parte desses pedregulhos escondidos.
Embora seja uma ficção, “Subterrânea” traz também um pouco da história da cidade, assim como “A morte de J.P. Cuenca” (2017), que é também roteirista desse filme. Ao investigar a história da própria cidade, os cientistas conseguem chegar à origem da água que, agora, toma conta de partes pavimentadas.
O que estaria escondido no subterrâneo da cidade para além do que já esperamos? Conforme descem, os horrores presentes e passados ficam mais intensos. Como um Indiana Jones brasileiro, mas muito mais assustador, pois guarda relações próximas com a realidade Subterrânea é, ao mesmo tempo, tudo de pior que já fomos e do que poderemos ser.
Contando com Silvana Stein, Negro Leo e uma participação de Helena Ignez, vemos o Rio de Janeiro gritar pelo seu aparecimento. As andanças pelo Centro do Rio de Janeiro, com suas modificações não tão longínquas, fazem com que tenhamos a exata percepção de como a cidade vai sendo remodelada de acordo com os interesses econômicos e políticos. Deixamos para trás… todo o “resto”.
A água é o lodo (ou o petróleo) com o qual foi construída toda uma nação imperial. Em uma das melhores ficções-cientificas nacionais desse ano, diretor de “HU” (2011) em conjunto com Joana Traub Csekö, que ganhou o prêmio de Melhor Filme na Mostra Aurora de 2012, Pedro Urano em “Subterrânea” nos convida ao encontro. Com o que? Só nós saberemos.
Assista à entrevista com Pedro Urano:
Se preferir, ouça em podcast:
Em breve.
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