The Letter Room

The Letter Room Crítica Curta Oscar 2021 Pôster

Sinopse: Quando um agente penitenciário é transferido para a sala de correspondência, ele logo se vê envolvido na vida privada de um prisioneiro.
Direção: Elvira Lind
Título Original: The Letter Room (2020)
Gênero: Drama
Duração: 32 min
País: EUA

The Letter Room Crítica Curta Oscar 2021 Imagem

Fazer o Melhor

Quando “The Letter Room” começa, parecia que o preciosismo e uma busca por virtuosismo estético levaria tudo a perder. O agente penitenciário Richard, interpretado por Oscar Isaac, caminha pelos corredores da grande penitenciária onde trabalho. A diretora Elvira Lind (do bem recebido documentário “Songs for Alexis“, de 2014) vem com uma câmera na mão, em perseguição ao protagonista, com o senso de urgência da imagem tremida. Todavia, não segue essa proposta e nos entrega uma narrativa humanizada sobre algumas relações pouco trabalhadas no cinema.

Apresentado no Festival de Tribeca de 2020 e indicado ao Oscar 2021 de melhor curta-metragem, o filme foge da construção de personagem do homem no corredor da morte – e também da relação entre detento e guarda. O foco em Richard se amplia quando ele é transferido para um trabalho burocrático, por solicitação própria. Ele ficará responsável por analisar todas as correspondências que chegam à penitenciária. Cadastro, digitalização e censura prévia, para que nenhuma mensagem externa que coloque em risco quem quer que seja chegue ao destinatário.

Aos poucos o personagem começa a se envolver com algumas histórias, o que é natural. Não o suficiente para a obra se desdobrar em várias tramas, o que seria possível caso estivéssemos em um longa-metragem. O roteiro da própria Lind contempla essas possibilidades de ampliação e a realizadora se mostra pronta a tocar projetos de qualquer tamanho que reúna a carga dramática de “The Letter Room“. Aqui as relações se limitam a Jackson (John Douglas Thompson) e Cris (Brian Petsos). O primeiro aguarda há muito tempo uma carta de sua filha, uma história que nos faz refletir sobre a dúvida que permanece para os detentos: houve retenção injustificada da correspondência ou aquele ente que ele imagina querido o ignorou?

A obra se aprofunda mesmo no caso de Cris. É quando Richard desenvolve um interessa que ultrapassa a curiosidade, chegando quase a um prazer voyeurístico. No meio de cartas com mensagens de força da família, tentativa de criação de laços com filhos pequenos por desenhos e informações relacionadas a dinheiro, as correspondências de Rosita (Alia Shawkat) chamam a atenção. Não mencionaremos o que motiva o protagonista a dar um passo a frente para não desvendar todo o enredo, mas podemos ressaltar que o processo de leitura humanizada do próprio trabalho será questionada, o grande destaque do filme.

Esse embate ético, provocado por Rosita, é o trunfo de “The Letter Room“. Toca direto na complexidade de poder de polícia e, principalmente na relativização do direito à intimidade dos detentos. Ao mesmo tempo, quando sabemos mais sobre a personagem de Ali, descobrimos que antes mesmo de chegar às mãos dos agentes penitenciários, é possível que uma primeira camada de censura prévia, promovida pelo próprio emissor, aconteça. Há notícias que talvez não valham mesmo a pena chegar ao conhecimento das pessoas. Em pouco tempo, Richard descobre que – independente do ofício que exerça – sua função deve ser encarada no sentido de tornar o espaço em que ocupa um pouco menos pior.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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