Tragam-Me a Cabeça de Carmen M.

Tragam-me a Cabeça de Carmem M Crítica Filme Pôster

Sinopse: Ana, uma atriz portuguesa, chega ao Rio de Janeiro e mergulha no pesadelo cultural brasileiro atual, enquanto procura viver Carmen Miranda em um misterioso longa-metragem dirigido por uma diretora fantasma.
Direção: Felipe Bragança
Título Original: Tragam-Me a Cabeça de Carmen M. (2019)
Gênero: Drama | Experimental
Duração: 1h 1min
País: Brasil

Tragam-me a Cabeça de Carmem M Crítica Filme Imagem

Utopias Reviradas e Revisitadas

Desde o dia 8 de abril encontra-se disponível nas plataformas de streaming do Canal Brasil, Now ,Oi Play  e Vivo Play., “Tragam-me a Cabeça de Carmen M.” de Felipe Bragança e Catarina Wallenstein. A direção compartilhada entre o brasileiro e a portuguesa, que também é protagonista da ficção, nos dá pistas sobre as inquietudes e experimentações da película.

Apresentando uma figura psicodélica e amedrontada pelos fantasmas que habitam aqui e do outro lado do oceano nossa personagem traz uma Carmen Miranda atual que convive com a mesma ambiguidade de viver o colonizador e o colonizado.

Fruto das investigações compartilhadas por Bragança e Wallenstein “Tragam-me a Cabeça de Carmen M.” desmonta e remonta Carmen em uma Lapa reabitada por outros (e mesmos) corpos. Sem querer afirmar nada (pois, como sabemos todas as teses sobre o Brasil são incertas e transitórias), o filme deixa-se velejar pelo lúdico e pelo pavor do absurdo que, por vezes, parece bem possível dentro de nossa realidade de caos e cacos.

O estudo e a recriação dessa Carmen Miranda traz consigo o interesse por esses territórios híbridos que se estruturaram ao redor de Brasil e Portugal. Assim, além da personagem de Carmen, outras figuras intrigantes como o cantor vivido por Marcos Sacramento e a cartomante vivida por Helena Ignez ajudam a construir esse quebra-cabeças incontornável e eterno (pois, incompleto).

Todo mistério que circunda Tragam-me a Cabeça de Camen M. segue o vestígio deixado pelo filme anterior de Bragança e, também é constituinte de nossa própria criação forjada após a dominação externa e nossas expectativas frustradas. Voltar às figuras fundantes de um imaginário, como foi/é Carmen Miranda, é tentar entender de quais maneiras ela poderá reaparecer em nosso futuro. Como iremos lidar com as suas- as de Carmen, as desses imaginários, as do Brasil- e as nossas contradições?

A atriz portuguesa interpretada por uma atriz portuguesa que interpreta uma atriz portuguesa e vaga pelo Centro do Rio de Janeiro procurando rastros de algo que nem ela mesma sabe muito bem o que poderia ser retoma a ambiguidade fundante de nossa cultura. Embora possamos querer atravessar alguns pedregulhos que nos foram impostos, não dá para seguir sem destrinchar as dores. As de outrora e as atuais.

Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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