TV Coragem

TV Coragem

Lorran Dias TV CoragemCineasta, artista, curador e roteirista, graduado pela Escola de Comunicação Social da UFRJ. Dirigiu “Perpétuo (IFFRotterdam 2019), entre outros trabalhos com a Anarca Filmes (2015), exibidos em festivais e instituições no Brasil e no exterior. Recebeu o prêmio Memórias da Resistência (Comissão de Direitos Humanos da Alerj, 2018). Instagram de Lorran Dias / Instagram da TV Coragem

Coragem na Pele

TV Coragem é o projeto concebido pelo artista e curador Lorran Dias para fazer parte do projeto IMS Convida.

Antes de falar sobre esse projeto especificamente, é necessário (ou ,ao menos, prudente) dizer que Dias tem como prática utilizar seus conhecimentos visuais para tratar de questões sociais. Faz de maneira a performar realidades que não existem dentro daquele contexto, porém poderiam existir e extrapolam a fronteira da arte, chegando ao cotidiano. Isso porque o principal objetivo do realizador é desenvolver seu trabalho estético ,sem deixar que questões sociais fiquem em segundo plano.

Ao fazê-lo, o artista realmente não se utiliza da linguagem para contar uma narrativa, mas consegue devolver uma linguagem própria que pode ser percebida em seu trabalho de vídeo ou multiplataformas (como é o caso de TV Coragem). Conheci o trabalho de Lorran por ele tem por hábito trabalhar com outros artistas da periferia do Rio de Janeiro, como max wíllà morais, que foi indicada ao prêmio PIPA desse ano.

A aproximação se deu a partir do curta-metragem “A poeira não quer sair do Esqueleto (2018). E porque se faz necessário pensar as realizações pregressas de Dias?

Porque ela faz parte de um conjunto de obras de artistas periféricos do Rio de Janeiro que transitam pelas mais diversas plataformas com fluidez deixando um recado bem direto àqueles que ainda possuem a dificuldade de  entender a periferia.

Os vídeo-artes de Lorran já são fortes, como o já citado “A poeira não sai do esqueleto”, no qual consegue com poucas palavras fazer uma crítica à maneira como a cidade (O Governo) explora os terrenos e os funcionários de obra que trabalham nos mesmos. Daqui poderíamos partir para assuntos como desapropriação e até a gentrificação, mas também para a exploração do corpo em trabalham que permanece tantas horas sob a poeira.

Perpétuo” (2018) também é outro filme do diretor no qual consegue  gravar cenas cotidianas das periferias do Rio de Janeiro dando uma ideia de eterna repetição.

Embora goste muito dos trabalhos anteriores de Lorran, acredito que, a partir dessa multiplataforma, na qual reúne trabalho de outros artistas periféricos e negros há todo vigor de seu trabalho artístico caminhando ao lado da curadoria.

A curadoria, esse espaço ainda tão complicado para pessoas negras e periféricas no Brasil.

Sim, possuímos alguns como o próprio Lorran: Thais Rocha, Carollina Lauriano, Daniel Lima e Helio Menezes, dentre outros. Possuímos também aqueles que fazem arte e estudam academicamente, fazendo análises contundentes que se misturam ao próprio trabalho visual, como Thiago Sant`Anna.

Somos ricos em qualidade, mas poucos em quantidade e não há como fechar os olhos para tal quando frequentamos as galerias mais formais – ainda que um espaço esteja sendo aberto às custas de muito suor.

Ao criar uma TV Digital, a TV Coragem, na qual reúne o trabalho de diversos artistas periféricos, Lorran deixa claro seu objetivo: “TV CORAGEM é uma televisão web-specific interessada em arte e cultura em reelaboração“.

Atuando como diretor, curador e artista de uma obra viva, Dias consegue utilizar tanto sua verve artística quanto de curador (os vídeos dialogam entre si, mas são bem distintos enquanto linguagem).

A arte imaginativa de Lorran nos faz acreditar, nem que seja por algumas horas, que nossa hora de assumir papel de destaque nas artes chegou.

Os vídeos/performances de Paulo Nazareth, Sil Bahia e da própria max wíllà morais apenas coroam um projeto que já nasceu para dar lindo.

VEJA O VÍDEO:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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