Ventos que Sopram – Pará

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Sinopse: Felipe Cordeiro nos leva a um passeio musical pelo seu Pará natal. Entre conversas e sessões musicais sobrevoamos ritmos diversos e uma riqueza cultural que orna com a beleza de seu entorno natural.
Direção: Renato Barbieri
Título Original: Ventos que Sopram – Pará (2020)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 19min
País: Brasil

ventos que sopram

O Brega é do Pará

“O Pará é como se fosse um grande rio, muito caudaloso, cheio de vertentes sinuosas, cada vertente dessa também muito grande.  A nossa música é exatamente isso.”

Felipe Cordeiro

“Ventos que Sopram – Pará” utiliza Felipe Cordeiro para nos conduzir em um passeio pelos ritmos musicais paraenses. É central dizer que Cordeiro é um dos representantes da nova música brega paraense e, além de ser conhecido localmente, conseguiu acessar a um público alternativo do Sudeste. Assim, o cantor, guitarrista e entusiasta da música paraense parece ser figura perfeita para o trajeto proposto.

O encontro com seu pai, Manoel Cordeiro – também importante figura da música popular brasileira- no Mercado Municipal aguça nossos sentidos para um audiovisual que se apresente de forma informal e traga ,em si, a essência de um Pará que é muitos. Essa apresentação não nos frustra, pelo contrário. O diretor Renato Barbieri consegue promover encontros leves e despretensiosos nos quais o que interessa é a discussão sobe a musicalidade paraense.

Reunindo nomes como Gaby Amarantos, Dona Onete, Chimbinha e o próprio Felipe, o diretor também aposta em Mestre Curica e Aldo Sena não tão conhecidos do público que não têm a música paraense no radar. Aliás, falar em música paraense é, por si só, uma redução bastante perigosa. “Ventos que Sopram – Pará” faz questão de desenvolver todas as influências de uma música que bebe em ritmos latinos como a cumbia e o merengue, além de trazer algo da raíz com o vereguete (nome de entidade que passa a também nomear um estilo musical) e o tecno-brega.

É verdade que a música paraense que chega aqui, geralmente, já vem misturada e com a cara do tecno-brega, que nada mais é que todos esses ritmos acrescidos de uma guitarra elétrica potente. O próprio Ximbinha diz que o nome calypso nasceu da maneira como ele e outros tocavam guitarras. Como diz Gaby Amarantos, ser brega é mais do que se identificar com um estilo musical. É uma filosofia de vida : o que se come, por onde se anda, o que se veste. Abraçar, dançar e amar o brega.

Outra característica da musicalidade paraense que o documentário faz questão de ressaltar é seu caráter dançante. Seja qual for o ritmo, a música paraense nos convida a dançar. É possível que o brega e seus novos artistas ainda demorem a chegar em algumas capitais da região Sudeste e Sul, mas quando chegam vêm com a força e a alegria paraense.

Há ainda muito o que se conhecer de nossas músicas nos 26 Estados brasileiros. O Festival In-Edit Brasil 2020 apresenta alguns desses ritmos com filmes como AfroSampasque nos fazem refletir e (re)imaginar a magnitude cultural de nosso país – e “Ventos que Sopram – Pará” é mais um representante.

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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