Sinopse: Em “Zona de Confronto”, durante uma operação policial em um bairro de imigrantes árabes, um jovem membro de uma gangue local é ferido por oficiais. A comunidade fica indignada e clama por justiça. A polícia, preocupada com uma possível insurreição na cidade, aumenta o número de viaturas nas ruas para manter a ordem. Os policiais Jens (Simons Sears) e Mike (Jacob Hauberg Lohmann) acabam encurralados durante a patrulha, já que a violência escala após a revelação de novas e chocantes informações sobre a ação do dia anterior. Presos em um acerto de contas e envolvidos em uma guerra cultural, os dois precisam encontrar uma forma de sair daquele ambiente e permanecerem vivos.
Direção: Anders Ølholm e Frederik Louis Hviid
Título Original: Shorta (2020)
Gênero: Ação | Crime | Drama
Duração: 1h 48min
País: Dinamarca
Cada Vez Mais Insolucionável
Estreando hoje nas plataformas denominadas VOD ou video on demand (no caso específico, são elas: Claro Now, Vivo Play, Sky Play, ITunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes), o longa-metragem de ação “Zona de Confronto” trata de um assunto típica e corriqueiramente americano (seja do Norte, Central ou do Sul) sob a perspectiva da distante realidade da Dinamarca, o que torna tudo ainda mais curioso. A Europa, convivendo com um fluxo migratório potencializado pela consequências da globalização, começa a conviver com dilemas que nós, do lado de cá, estamos acostumados. Até demais.
A trama gira em torno de dois policiais, que possuem olhares diferentes sobre um fato. Uma perseguição a um jovem de 19 anos, de origem árabe, é ferido em uma operação. Os diretores Anders Ølholm e Frederik Louis Hviid dão ao espectador uma informação privilegiada, de forma rápida no prólogo de poucos segundos. Ele foi, sim, vítima de uma tortura ou agressão fora do ambiente de perseguição pelas ruas, qualificando um excesso. Isso torna a leitura que a mídia dá ao caso, reproduzindo a versão oficial das autoridade, em uma falácia. A comunidade envolvida, indignada com a ineficiência dos agentes, começa a protestar.
Com isso, a recomendação do comando da tropa é que os policiais permaneçam longe do que seria o olho do furacão. Ou seja, abdicar de promover segurança a um território. A justificativa é não tornar sua presença motivos para inflar a desobediência civil em vias de acontecer. Entretanto, Jens (Simons Sears) e Mike (Jacob Hauberg Lohmann) se veem exatamente neste espaço. O filme é de premissa simples, com um desenvolvimento que tornará a trajetória dos protagonistas uma luta para se manterem vivos – e cumprirem suas missões laborais, desde que agindo com ética. Porém, há um claro elemento de atração aqui para o espectador brasileiro, que identificará debates bem próximos de nossa realidade a partir da diferença de personalidades e opiniões dos dois personagens.
Enquanto um parece apresentar um olhar mais crítico e humanista sobre a crise instalada, o outro se alinha com os preceitos da “lei e da ordem”, entendendo que a repressão e o punitivismo são os melhores caminhos. Afinal, o garoto internado no hospital faz parte de uma gangue local e, para muita gente, “bandido bom é bandido morto”. Não devemos esquecer que estamos sob um risco de motim atravessado de tropas estaduais das polícias, sendo conclamadas para participarem de atos golpistas (sob a lógica invertida de “defesa da democracia”) no próximo 7 de setembro. Daqui a dez dias saberemos o tamanho do movimento e as consequências em nossa sociedade, já abalada por inúmeros problemas, mas que sofre por nunca ter se permitido debater a desmilitarização de sua polícia.
Quando os policiais de “Zona de Confronto” ficam sem saída naquelas ruas inflamadas, o primeiro demonstrará que enxerga a possibilidade de uma convivência harmônica e pacífica, enquanto o segundo opta pela urgência da fuga e pela arma em punho. Ser um agente de segurança, ainda mais militarizado como acontece em muitos países, é conviver com o risco da morte, do ataque a qualquer instante. Em lugares como a Dinamarca, a presença de imigrantes ou o estabelecimento de novas culturas com os intercâmbios naturais da contemporaneidade, se tornaram argumentos para uma preocupante ascensão da política de violência policial.
Ou seja, o filme nos apresenta uma ideia de nação que rompe com o padrão estereotipado de Estado ultra desenvolvido, de equilíbrio, de mais igualdade social e de respeito aos valores fundamentais de seus cidadãos. A desumanização e o vírus do fascismo parecem se alastrar pelo Ocidente de forma imparável, retroalimentando-se do caos e da miséria – que ele promove e usa para fundamentar sua própria escalada. Na segunda metade, esses contrapontos entre Jens e Mike perdem espaço. O roteiro, também de Ølholm e Hviid parece satisfeito em consolidar a base da narrativa e parte para uma ação um pouco mais genérica.
A relação triangular entre outro jovem da localidade fará com que sejam questionadas as visões preconceituosas de um, ao mesmo tempo que o risco da carreira de um profissional que promove a justiça nas ruas não passa despercebido. Por fim, “Zona de Confronto“, aplicando olhar à polícia, membros de uma gangue e ao povo de uma comunidade, escancara o grande medo de quem vive na cidade: o de não voltar para casa – ou de não ser aquele que provocou isso em alguém.
Veja o Trailer:
Filme tosco, critica patética… como você trouxe a questão dec7 de setembro nisso? Mais uma salamandra comunista pqp..tá infestado mesmo