Xtremo

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Sinopse: Dois anos após o assassinato do pai e do filho, um matador de aluguel aposentado bola um plano para se vingar daquele que cometeu os crimes: seu próprio irmão.
Direção: Daniel Benmayor
Título Original: Xtremo (2021)
Gênero: Ação | Aventura | Crime
Duração: 1h 51min
País: Espanha

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Hasta La Vista, Cabrón

Em uma semana de estreias pouco movimentadas na Netflix (as atenções no Brasil se voltaram para a produção local “Carnaval“), o espanhol “Xtremo” pode ser uma boa alternativa para quem deseja uma obra de ação de violência exagerada, com toques de tragédia grega. Por mais que o ritmo pareça irregular e a primeira impressão da sequência inicial seja uma mistura de amadorismo e curiosidade, aos poucos a obra encontra uma forma de minimamente nos envolver – claro, dentro de sua premissa e das exploração de seu gênero. É a primeira produção da Showrunner FIlms, que já se alia à distribuição da plataforma de streaming mais popular do mundo, em um produto que encontrará fácil visibilidade quando começar a pipocar nos menus das TVs neste final de semana.

O centro da narrativa está em Maximo (Teo García). Seu irmão de criação, Lucero (Óscar Jaenada) promove uma insurgência no mundo do crime em que é um dos comandantes. Insatisfeito pela maneira como seu pai parece privilegiar seus filhos biológicos, decide assassiná-lo e a seus descendentes diretos. Em uma cena inicial dantesca (em todos os sentidos da expressão), ele materializa essa traição familiar e negocial e executa o pai a sangue-frio. Envia um assassino para a casa de Max para matar a ele e a seu filho.

Há algumas características dessa abertura que incomodam um pouco. O primeiro é que García, enquanto agente passivo, não participa desta primeira aventura. Criador da história por trás de “Xtremo”, conhecido por suas exibições de artes marciais na televisão espanhola e colaborando com o roteiro, parte da diversão é sua performance de luta. Sem sua presença, o diretor Daniel Benmayor acaba refém da montagem do experiente Peter Amundson, que acerta a falta de qualidade e o amadorismo destes momentos na pós-produção.

Ele, que participou do departamento de montagem do primeiro “Mortal Kombat” (1995) de Paul W.S. Anderson e possui, entre seus trabalhos mais famosos, o “Hellboy” (2004) de Guillermo del Toro, sem dúvida foi a grande aquisição do projeto. Claro que o arco dramático depende do ataque ao indefeso Max no ato inaugural, mas essa ausência inicial acaba tirando parte da força que há no longa-metragem.

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Na estética e no pouco de substância que há no filme, “Xtremo” parece sair da fase inicial da carreira de Guy Ritchie – que lançou há poucos dias sua nova produção e que, confesso, estou adiando a experiência por não despertar tanto meu interesse seu trabalho. A ultraviolência por trás da obra funciona bem para os admiradores desta forma de expressão audiovisual. A trama não exige muita atenção. Avançamos dois anos no tempo e o protagonista, que vive escondido (já que seu irmão não sabe que ele se salvou) buscará vingança. Se inicia um bom número de cenas bem coreografas e captadas de lutas – entre outros desdobramentos sanguinolentos.

No caminho, Max encontra Leo (Óscar Casas), um jovem que perdeu os pais também por culpa da máfia, mas que também é parte da associação criminosa ao ser um pequeno vendedor de drogas em ambientes socialmente ocupados pelos mais novos. Eles criam uma relação que supre o vazio que as tragédias familiares criaram, uma chance até promissora de desenvolvimento de uma história por trás do esquema “tiro, porrada e bomba” que virá pela frente. O cineasta catalão, entretanto, opta por seguir o caminho fácil de empilhar lutas e muito sangue, esguichando até sujar as lentes da tela, em uma aventura escapista razoável, já pensada como um produto televisivo.

Leo começa a ter experiências mais agudas envolvendo a criminalidade. Ao lado de seu novo amigo, vê que a mistura de diversão e trabalho como comerciante de entorpecente é apenas a ponta de um iceberg. Nada disso conta muito, o que chama a atenção são as diversas formas de matar, em performances e fatallities até mais divertidos do que o novo “Mortal Kombat” (2021).

Para os saudosistas, um final que ainda envolve duas katanas. Dos fãs do Supercine aos de RPG, “Xtremo” parece mais sincero em sua pretensão de ser um algoritmo de sangue em nome do puro entretenimento. Difícil acreditar que as pancadas dos críticos sedentários serão capazes de ferir essa criação que tem a cara de Teo García.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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