Un sonido original de América

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Sinopse: Existe um tesouro encontrado no Paraguai contendo 5.000 partituras barrocas da época dos jesuítas. Ricardo Massun, músico, luthier e investigador argentino viaja ao Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia em busca de mais informações para recriar os sons daquela época.
Direção: Antony Nicolle e Ariel Broitman
Título Original: Un Sonido Original de América(2018)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 40min
País: Argentina

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Em Busca do Elo Perdido

Apaixonado por música barroca, Ricardo Massun viaja pelo mais ermos espaços latino-americanos em “Un Sonido Original de América” em busca de um elo que se constituiu séculos atrás. Após algumas descobertas de Hans Holf, que em 1973 encontrou partituras nas paredes de antigas construções, um ímpeto pela origem dessas música cria uma espécie de mito, ao qual o próprio Massun enuncia.

A partir desse momento, o pesquisador e musicista doa parte de sua vida para compreensão do material encontrado. O filme faz parte do Festival In-Edit Brasil 2020 e levanta interessantes questões.

O documentário que é uma espécie de arqueologia das sonoridades criadas nos país entre os séculos XV e XVI, é também a tentativa de retomada e um elo negado conta da da expropriação e da introdução de uma cultura estrangeira à força. O fato é que diversos estilos e instrumentos musicais circulavam pelo país nos primeiros século da invasão europeia e o Barroco foi um deles.

Ao fazer dessa uma de suas buscas essenciais Massun, não somente elabora uma metodologia e um capo de pesquisa próprios, mas convida a outros pesquisadores a se aventurarem pelas musicas que ressoavam no continente latino-americano nos séculos de encontro com o outro europeu.

Ao viajar ao longo do continente e procurar partituras, instrumentos e fotografias Massun encontra historiadores brasileiros, indígenas, musicistas clássicos. Ainda que possamos problematizar a atuação jesuítica em nossas termas, é fato que deixaram um pouco de sua cultura que replica seu reflexo até os dias atuais. Massun como historiador da música está preocupado com esses rastros aos quais ainda pode encontrar montando um quebra-cabeças que o faz viajar e encontrar pessoas de todas origens. Essa talvez seja a parte mais interessante do filme porque efetivamente nos abre os olhos para a grandiosidade e a fartura de nosso continente.

O pesquisador se conecta à produtores locais que tiveram a musicalidade repassada por tradução oral. É nesse momento que vemos ressurgir uma força que sempre nos acompanhou e nos fez resistir às mais diversas formas de imposição cultural. Ao tornar a música estrangeira, um pouco de música local o que vive é nossa própria intenção de permanecer sob controle de nossas sonoridades.

Desse jeito, “Un Sonido Original de América” são muitos, mesclados, insubordinados e revitalizados, mas jamais parados no tempo. Dele, também faz parte o barraco, mas já transfigurado em sons que se misturam com as musicalidades das pequenas paróquias locais. Podemos recriar o que já foi, mas há vida em uma música que não está integrada aos corpos de nossas terras?

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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