Artigo | Pensar, Recordar e Viver as Salas de Cinema

Artigo | Pensar, Recordar e Viver as Salas de Cinema

Artigo | Pensar, Recordar e Viver as Salas de Cinema, por Roberta Mathias.

Artigo | Pensar

Quando pensamos na história do Cinema Nacional, a Cinédia, os cine-revistas e a Cinelândia, localizada no Centro do Rio de Janeiro com dezenas de salas de cinema, são imagens recorrentes. As chanchadas de Oscarito, Grande Otelo e Emilinha Borba levaram centenas de espectadores às salas suntuosas. Passamos pelas pornochanchadas, pelo Cinema Novo, pelos filmes infantis e uma série de produções que alcançaram um público entusiasmado e cativo. Podemos falar do auge e da desestruturação da Embrafilme, que teve papel central na maneira como o cinema nacional, sua distribuição e suas programações passaram a funcionar.

No entanto, esse texto editorial tem como proposta fazer pensar na relação entre a estrutura da sala e o espectador. Vemos durante nossa formação cinematográfica filmes como “Cinema Paradiso” (1988) que exaltam não só a arte cinematográfica, mas o próprio papel da sala de cinema para alcançar novos apaixonados.

Ainda que se considere a sala de cinema apenas como uma das possibilidades de exibição da sétima arte, há no ritual algo meio nostálgico e mágico que nos prepara para adentrar a sala escura. A experiência coletiva exaltada por Walter Benjamin e outros filósofos do cinema também faz parte desse sentir junto que permite uma conexão, ainda que pouco durável, com o espectador sentado ao nosso lado. É possível que todo espectador tenha uma história emotiva para contar. E, é aí que a importância das salas de cinema se coloca.

Mostra Cinemas do Brasil 2020

Não há que se desconsiderar a própria obra e novas formas de acessá-la. Nesse momento mesmo, passamos por uma pandemia que nos limita fisicamente e a interação em conjunto proporcionada pela sala ainda não é considerada segura em muitos (e, talvez, em todos) países. Assim, nos limitados a telas menores e mais solitárias como as do computador ou da televisão. É a mesma coisa? Certamente, não. E, embora sejamos entusiastas da grande tela do cinema, nessa consideração não estamos levando em conta uma questão qualitativa, mas apenas as diferenças que uma experiência e outra nos proporcionam. Podemos pensar também nas diferenças entre as salas de cinema de shopping e as salas de cinema de rua.

Muitos de nós tivemos nossas primeiras experiências nas segundas. Em uma época na qual as salas de cinema de rua tomavam as grandes capitais, era comum ver grandes filas em estreias esperadas por semanas. A relação visível e a interação com o restante da cidade movimentavam o comércio local. O pipoqueiro, os restaurantes, os bares para aquela cerveja após a sessão. Com a dificuldade de manutenção dessas pequenas salas e o advento dos grandes cinemas, algo se perde. Melhor ou pior? Diferente.

De qualquer forma, não há como negar a importância das salas de ruas para muitas cidades menores que viam em um ou dois cinemas suas únicas possibilidades de interação com os astros hollywoodianos ou não. A Mostra Cinemas de Rua – No Mundo de 2020, que acontece entre os dias 1 e 31 de dezembro de 2020, explora a pluralidade de experiências ao trazer filmes produzidos em diversas cidades e sobre diversos cinemas que formaram gerações de espectadores.

Em sua segunda edição, se coloca como importante espaço para pensarmos em questões como memória, reestruturação urbana, indústria e afeto. Afinal, não há recordação que não passe pela esfera afetiva. Desejamos que nossa cobertura seja tão plural e cheia de afeto como a própria Mostra.

Acompanhe a partir de 1 de Dezembro a cobertura da Mostra Cinemas do Brasil – No Mundo de 2020 na Apostila de Cinema:

 

Clique aqui e conheça a página oficial da Mostra Cinemas do Brasil – No Mundo de 2020.

Clique aqui e conheça a nossa cobertura da Mostra Cinema do Brasil – No Mundo de 2020.

Artigo | Pensar, Recordar e Viver as Salas de Cinema, por Roberta Mathias.

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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