Sinopse: A conturbada vida de Suzy King é revelada nessa história de vida e morte. Ela foi uma encantadora de serpentes brasileira encontrada morta em um trailer na fronteira dos Estados Unidos com o México. Três décadas depois, atrizes, cantoras, músicos e performers resgatam aspectos de sua personalidade enquanto dois historiadores tentam montar o complexo quebra-cabeça de sua vida.
Direção: Alberto Camarero e Alberto de Oliveira
Título Original: A Senhora que Morreu no Trailer (2020)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 38min
País: Brasil
Faces e Nomes de Suzy King
Não é difícil imaginar os motivos pelos quais Alberto Camarero e Alberto de Oliveira sentiram-se completamente atraídos pela figura de Suzy King. Além da morte trágica e misteriosa, que poderia ter saído de um tabloide sensacionalista de jornal, a personagem traz consigo um sem número de histórias igualmente curiosas e fora da curva. Atriz, dançarina, cantora e faquirista, King entrou na vida de ambos a partir de uma pesquisa de mais de 10 anos sobre faquires brasileiros e não saiu mais.
Os Albertos, como assinam a direção do filme “A Senhora que Morreu no Trailer“, já haviam inspirado “Fakir” (2019), filme de Helena Ignez, com o livro “Cravo na Carne: Fama e Fome – O Faquirismo Feminino no Brasil” de 2015, mas retornam ao tema de maneira bem interessante nesse documentário. A pesquisa extensa de ambos sobre o tema do faquirismo no país, que ganhou contornos gigantescos principalmente nas décadas de 50 e 60 do século XX, havia que parar na figura de Suzy King. Ou Diva Rios. Ou Jacuí Bailey.
Uma das principais artistas na arte do faquirismo, King transitou com suas cobras pela Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Tijuana e Chula Vista, nos Estados Unidos, local no qual passou os últimos anos de sua vida e foi encontrada morta em seu trailer no ano de 1985. O mistério por detrás da morte da artista, no entanto, não supera a surpresa constante que se abre a partir dos caminhos que escolheu durante a vida. É atrás dessas pistas que parece nos conduzir a câmera dos diretores através de outras figuras emblemáticas como a própria Helena Ignez, Maura Ferreira e Divina Valeria que nos acompanham em uma revisitação de locais importantes na trajetória da personagem.
As encenações em conjunto com uma divertida narração de Eduardo Caleús, traz uma série de histórias encontradas em registros policiais e recortes de jornais. Assim, ficamos sabendo um pouco mais sobre a transgressão viva que foi Suzy King (e todos seus pseudônimos). Essa maneira de contar a história através de figuras femininas igualmente transgressoras cria uma rede de memórias a partir de locais como o trailer (que ainda permanece em Chula Vista, cidade de San Diego) e a galeria Ritz, em Copacabana, onde King protagonizou um jejum de dias que marcou a vida cultural da capital carioca no final da década de 50.
Essas pequenas histórias se juntam à vida pessoal de King bastante conturbada (que envolve outras personagens instigantes como o filho somente encontrado após sua morte). Talvez a pesquisa de tantos anos tenha dado segurança para que os diretores explorassem também na forma uma alternativa para o deslocamento de King que sempre transitou pelo mundo com uma liberdade perigosa e comovente.
Veja o Trailer:
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