Sinopse: Em “A Teoria dos Vidros Quebrados”, Claudio Tapia acreditava que havia chegado a uma cidade tranquila, mas precisava resolver um mistério um tanto peculiar e complexo para um especialista em seguros.
Direção: Diego Fernández Pujol
Título Original: La Teoría de los Vidrios Rotos (2021)
Gênero: Comédia | Mistério
Duração: 1h 12min
País: Uruguai | Brasil | Argentina
Sherlock Sinistro
A penúltima noite de exibições de postulantes aos Kikitos do 49º Festival de Cinema de Gramado se encerrou com “A Teoria dos Vidros Quebrados“, uma coprodução entre Uruguai, Brasil e Argentina. Usando os carros como objeto – assim como o representante nacional do dia, “Carro Rei“, aqui a sátira atravessada e as alegorias confusas não têm vez. O filme de Diego Fernández Pujol é uma divertida comédia sobre a chegada de um agente externo em uma pacata cidade.
Na trama, o protagonista Claudio Tapia consegue, finalmente, ascender na carreira. Após fazer seu nome na empresa de seguros a qual trabalha, ele “aposenta” Reynoso, colega de firma sempre enviado para investigar os sinistros que acontecem na Região 15. Assim como Camilo em “Gran Avenida“, filme exibido na noite anterior, ele também está em busca de realizar o sonho da paternidade. Imagina que sua primeira incursão sobre aquele território seria rápida. Chegando lá, é surpreendido com uma sequência de eventos que o impedem de voltar para a esposa.
Uma aparente onda de veículos incendiados toma conta da região. O perito recém-promovido, que não consegue conversar com os carros como o protagonista da sessão anterior, precisa enfrentar um desafio para além da prestação de seu serviço. Em “A Teoria dos Vidros Quebrados“, o veterano Reynoso funcionará como uma sombra para Tapia, que se sente intimidado a autorizar o pagamento das indenizações aos proprietários dos bens em chamas. Como acontece em uma bucólica cidade latino-americana, a força política local parece ainda mais influente. Ela vem pela figura de o personagem vivido por Roberto Brindelli, conhecido do público brasileiro. Um homem em campanha para deputado e que tenta manter a aparente normalidade no vilarejo.
A narrativa linear e as situações que se encaixam em uma bem humorada investigação, garantem a diversão para o espectador. O protagonista é alguém que precisa mostrar que é capaz, se firmar na empresa e ao mesmo tempo obter o respeito de seus clientes. Quer demarcar um espaço – mesmo que isso não traga nenhum benefício direto ao não ser a prazerosa sensação de dever cumprido. Seu receio é que o patrão seja vítima de uma sequência de golpes, mas não há de sua parte credibilidade para que ele avance junto àquela comunidade pelo prisma contributivo. É a partir dessa desconfiança em duas vias que o espectador encontra o riso.
Claudio se sente só e a pressão aumenta seu nervosismo, o que pode impactar seu relacionamento. Sem inventar além dessas representações, o bom ritmo e a narrativa ligeira do longa-metragem são perfeitos para quem deseja o escapismo – com pouco mais de uma hora de duração. Aquele forasteiro, que não é autoridade policial, mas precisa desenvolver uma verdadeira investigação, vira quase um Sherlock Holmes ou um dos detetives dos livros de Agatha Christie.
Com a mesma destreza e ironia de Poirot, Claudio Tapia toma para si todos os holofotes no clímax que desvendará todos os mistérios, bem diante dos olhos dos moradores da cidade. “A Teoria dos Vidros Quebrados” é o primeiro representante latino-americano no evento que não quer forçar tantos os debates sobre o espaço no qual se insere. É uma linha reta que nos deixa no destino da mesma forma que uma grande avenida ou uma narrativa pseudo politizada.
Veja o Trailer:
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