Além das Profundezas

Além das Profundezas Filme 2020 Crítica Telecine Breaking Surface Pôster

Sinopse: “Além das Profundezas” traz uma viagem de mergulho de duas irmãs que se transforma em uma corrida contra o tempo após um acidente. Enquanto uma está presa no fundo do mar, a outra fará de tudo para salvá-la antes que o oxigênio acabe.
Direção: Joachim Hedén
Título Original: Breaking Surface (2020)
Gênero: Thriller
Duração: 1h 22min
País: Suécia | Noruega | Bélgica

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O Velho Golpe do Destino

Impactada com o lançamento de outras plataformas de streaming, que desfalcaram muito seu catálogo, o Telecine começa a usar um expediente parecido com a Netflix – apesar de não originalmente, claro. Traz produções de países fora do eixo como importantes estreias da semana. Uma delas, dos últimos dias, foi o sueco “Além das Profundezas“, um thriller baseado em uma situação-limite, comandado na boa direção de Joachim Hedén, também roteirista, apesar de sua ser pensada mais para nos irritar do que para nos emocionar. Saiu vencedor dos prêmios de edição e efeitos visual do Guldbagge Awards, prêmio concedido pelo Instituto Sueco de Cinema.

Sabemos que se apegar à lógica no roteiro e nas representações audiovisuais é tão limitadora que, na maioria das vezes, chega a ser uma análise equivocada. Todavia, não dá para fugir das decisões erradas que a protagonista Ida (Moa Gammel) insiste em tomar no desenvolvimento da trama. Ela, mãe de uma menina, passa por um processo de separação do marido. Próximo ao Natal, ela decide viajar com sua irmã Tuva (Madeleine Martin) e sua mãe, Anne (Trine Wiggen) para Ilhas Lofoten, na Noruega, onde poderá praticar sua atividade favorita, o mergulho em águas geladas.

Tuva é mais experiente (e ativa) do que ela e costumava fazer isso com Anne quando era mais nova. Na fuga pelas dúvidas e questionamentos que uma crise familiar lhe impôs, Ida aparenta desde logo uma dificuldade na capacidade de concentração. E ela terá que exercê-la quando um acidente deixa sua irmã presa em uma pedra debaixo d’água, após um deslizamento, com pouco oxigênio à disposição.

Após um ato inicial que aborda as características básicas da personalidade e os elementos da rotina da protagonista, “Além das Profundezas” se torna um filme sobre a missão de salvamento de Tuva por parte de Ida. Carregado de tensão e usando a amplitude espacial como um desafio (ao contrário do francês “Oxigênio“, também deste ano, que explora o confinamento total). Dentre as inúmeras possibilidades, a personagem não consegue agir de forma eficiente. Da dificuldade a quebrar uma janela à impossibilidade de encontrar o botão que abre a mala do carro, seu desespero por ter a vida de uma pessoa muito próxima e querida nas mãos parece torná-la cada vez mais inoperante.

O drama que se extrai do longa-metragem, por óbvio, dependerá de como o espectador reage aos riscos cada vez maiores que o texto de Héden apresenta. Já a direção cumpre bem seu papel de usar as imagens subaquáticas, que vão se adensando com a chegada da noite, enquanto grande elemento do thriller. Sem tempo para explorar o que passa na cabeça de Ida, cabe ao público preencher as lacunas sobre a responsabilidade que ela debruça sobre si mesma. Da ideia do mergulho como forma de se afastar dos problemas, à ausência dos momentos que conectaram Tuva com a mãe e tornaram as trocas dela um pouco mais difíceis.

Os mais cruéis dirão que entender o porquê de Anne gostar mais da outra filha, dada a estupidez de certas decisões e desdobramentos. Outros, mais apegados à verossimilhança, talvez encontrem muitos elementos que o desconectem da jornada da protagonista, tornando o filme uma grande bobagem. Opiniões extremas e que soam exageradas – já que todos nós sabemos que a personagem terminará recebendo raios de luz de McGyver e encontrará maneiras épicas de tornar o final feliz possível.

Sem um arco dramático bem definido, “Além das Profundezas” jamais venderia a você uma construção narrativa poderosa, para além da tensão criada. Para quem busca algo além disto, fica a dica de que o golpe está aí, cai quem quer.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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