Sinopse: Em “Alice Guy-Blaché: A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo”, ao colocar lado a lado todos os rostos que desconhecem a obra e a existência de Alice, Green decide que precisa recontar a trajetória da cineasta.
Direção: Pamela B. Green
Título Original: Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché (2018)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 43min
País: Estados Unidos
Uma História Contada por Homens
Um dos filmes escolhidos pelo Espaço Itaú para as pré-estreias que disponibilizarão via internet no final do mês de junho de 2020 é “Alice Guy-Blaché: A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo” de 2018. Com narração de Jodie Foster e direção de Pamela B. Green, o documentário (que integrará nossa Apostila Documentários) escancara um fato do qual todos já nos demos conta sobre a histórias das artes: é uma história contada por homens.
Apesar de ter sido uma das mais diversificadas pioneiras do cinema e de entender a máquina como possibilidade de narrar histórias, Blaché é desconhecida por grandes nomes da área.
Ao colocar lado a lado os rostos que desconhecem a obra e a existência de Alice, Green decide que precisa recontar a trajetória da cineasta. A própria Alice já o havia tentado fazer antes de morrer – em meados da década de 60 – chegando, inclusive, a ser convidada pela FIAF (International Federation of Film Archives) em homenagem.
As gravações de Alice e os documentos acumulados renderam livros e diálogos acerca de sua colaboração para o nascimento do cinema de ficção. No entanto, após sua morte, um novo esquecimento passa a tomar conta da história de Alice e do cinema.
“Alice Guy-Blaché: A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo”, que faz parte da Seção Clássicos de Cannes da mostra Espaço Itaú de Cinema Play, reconta a história de Alice a partir de uma Green obstinada a conhecer mais a obra de umas das percursoras do cinema. Em duas décadas de produção, Alice acumula mais filmes que Thomas Edison, os Irmãos Lumière e George Meliès. Por que, então, é sistematicamente esquecida?
Efetivamente, não é apenas Alice a esquecida, mas uma série de pioneiras que são apagadas da história assim que o sistema de produção e distribuição de Hollywood começa a se tornar rentável. Sem reconhecimento e sem dinheiro, essas mulheres abandonam os estúdios não porque querem, mas porque são expulsas dele.
É verdade que a verve inquieta de Alice a faz ser um nome que dificilmente seria apagado da história. Mas, ainda assim, ela o é. Por duas vezes.
A história que nos contam sobre o cinema, geralmente, chega a partir de uma narrativa masculina. Por isso, o fato de ter Jodie Foster como narradora e Green como diretora fazem com que a obra se torne, também, uma resistência de mulheres.
A indústria do cinema ainda é, em grande parte, machista. Podemos, por exemplo, nos lembrar das histórias de assédios que algumas atrizes revelam de tempos em tempos. Green seguiu os passos da vida agitada da cineasta percursora entre Chile, França e Estados Unidos, traçando a árvore genealógica e chegando à algumas obras da diretora, além de cartas pessoais.
Contando com as narrativas da própria Alice e com um trabalho de pesquisa precioso, o documentário é um importante registro sobre a história do cinema feminino e mundial.
Quantas Alices ainda teremos a descobrir?
VEJA O TRAILER:
VEJA “AS CONSEQUÊNCIAS DO FEMINISMO” (1906):