Sinopse: Em “Cinemas de Bairro”, um grupo de ex-projecionistas de diferentes partes do Peru prepara-se para exibir um filme em que eles próprios são os protagonistas; ao lado de antigos frequentadores e gerentes, revelam suas experiências mais íntimas e inesquecíveis nos cinemas que envelheceram junto com eles.
Direção: Wari Galvéz
Título Original: Cines de Video (2019)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 40min
País: Peru
As Salas e as Ruas
Apresentado na mostra Foco Latino-Americano do Festival É Tudo Verdade 2021, o documentário “Cinemas de Bairro” de Wari Gálvez mostra uma alteração no perfil das salas de exibição que já se configurava desde a década de 90, mas que nos últimos anos se intensificou trazendo algumas marcas para as cidades.
A partir da estrutura de prédios que já abrigaram vários cinemas no Peru conhecemos histórias que nos são contadas por seus antigos projetistas. Gálvez consegue uma boa variedade de espaços, dessa maneira, podemos contar com algumas salas da capital Lima e também de outras cidades menores como Ayacucho, Cusco, Trujillo e Chimbote. Essa diversidade faz com que possamos perceber as diferenças estruturais entre os espaços urbanos do Peru e tenhamos uma aproximação visual que é importante para criar conexão com as histórias que nos serão contadas.
Assim, o sobrevoo inicial pelas quadras que abrigavam os cinemas é essencial para a inserção posterior de personagens também múltiplos. Tanto nas anedotas de filmes marcantes, até no destrinchar do processo mecânico das (hoje raras) máquinas, podemos perceber o amor que esses profissionais possuem pela sétima arte.
Em “Cinemas de Bairro“, a relação entre as personagens e as ruas embora não seja minuciosamente trabalhada, afinal trata-se de um filme sobre as salas, é enunciada aqui e ali e revela particularidades da cultura peruana e algumas marcas que nos apresentam Lima, uma das grandes capitais latino-americanas, as cidades turísticas e outras que se mostram, talvez, pela primeira vez aos expectadores que não conhecem tão bem o país
O diretor consegue extrair também das imagens de arquivo saudades e memórias que nos convocam a querer saber mais. Ao fazer desses profissionais protagonistas, além da mudança da tecnologia, consegue flagrar uma alteração na maneira como circulamos e vivenciamos essas cidades.
Ao compreender a sala de cinema principalmente como espaço de interação social, podemos refletir sobre outros comércios e trânsitos que se configuram ao redor dela. É sobre isso que Wari Galvéz e seus protagonistas parecem querer falar.
Veja o Trailer:
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Roberta Mathias
Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.