Sinopse: Em “De Volta à Itália”, um artista boêmio herda de sua mulher uma antiga casa da família na Toscana e aproveita a oportunidade da venda da propriedade para acertar sua relação com o filho.
Direção: James D’Arcy
Título Original: Made in Italy (2020)
Gênero: Comédia | Romance | Drama
Duração: 1h 34min
País: Reino Unido | Itália
Sempre Voltamos
Mais uma dentre as quinze atrações internacional da edição online e televisiva do Festival do Rio 2021, junto ao canal e serviço de streaming do Telecine, o britânico “De Volta à Itália” traz um Liam Neeson bem diferente do astro de ação tardio que ele se transformou nos últimos anos. Uma comédia situacional que marca a estreia do ator James D’Arcy como diretor e roteirista de longa-metragem, em uma trama pouco inspirada sobre um rapaz, Jack (Micheál Richardson) que tomará providências ao lado do pai, Robert (Neeson) para vender a casa de veraneio da família na Itália. Na região da Toscana, claro, onde tudo acontece.
Há dois grandes fatos geradores da narrativa. O primeiro, no presente, é a separação entre o protagonista e a jovem Ruth (Yolanda Kettle). Para provar que é capaz de gerir a galeria de arte dos ex-sogros, o qual estava a frente, ele decide se desfazer da propriedade, a qual tem direito à metade – por conta do falecimento de sua mãe. Este vem a ser o segundo fato gerador, o do passado. A forma atravessada pela qual Jack e Robert lidaram com a morte os tornaram mais distantes. O ato inicial do filme será, então, um pequeno road movie preparatório para o que eles encontraram e o que você sabe o que é: uma jornada de reencontros e resgate dos laços de afeto.
Soa tão bonito quanto óbvio, como boa parte da trama de “De Volta à Itália“. O casarão, largado há anos, sofre o impacto da ação do tempo. No meio de muita poeira, mobília apodrecida e paredes amareladas, pai e filho farão um esforço para tornar o bem mais apresentável, enquanto revisitarão objetos e lugares que marcaram suas vidas – e contarão com a pouco paciente corretora, Kate (Lindsay Duncan). Pode parecer um release, mas não é – toda essa redação com áurea de reciclagem de palavras saiu da cabeça de um espectador ao final da sessão. Isso não torna o longa-metragem inovador, mas também não o torna menos divertido, dentro de um núcleo carregados de agradáveis clichês.
Liam Neeson faz um trabalho correto como um senhor excêntrico, artista visual que perdeu sua inspiração e o desejo de produzir após a morte da esposa. Já Micheál Richardson escorrega bastante nas cenas mais dramáticas, ainda parece lhe faltar algo para ser o líder de um elenco – mas, tirando uma sequência ou outra bem ruim, não há muito que comprometa a experiência. Apesar do vínculo pessoal dos dois com a obra, já que o jovem é filho do veterano ator na vida real. Eles viveram algo parecido no ano de 2009, quando Natasha Richardson (esposa de Liam e mãe de Micheál) faleceu com apenas 45 anos após se acidentar praticando esqui).
A dificuldade em criar diálogo com o pai melhora depois que a jovem Natalia (Valeria Bilello) aparece na história e as novas possibilidades de se apaixonar faz brotar, nos dois homens, a ideia de renascimento. Enquanto a venda da casa, o filme retoma a velha questão: decisões que nos fazem refletir sobre o que, na verdade, queremos para nossas vidas. Não preciso contar o final porque, no fundo, você já sabe. Para os traumas do passado que se unem no presente, o remédio é o tempo.
O futuro se ergue como um novo começo. Respirando o ar da Toscana, então, o sucesso é garantido. Tudo isso, redigido quase como se elencássemos bordões publicitários do mercado cultural, é uma grande sequência de ideias que você já sabia. Apenas reflexo do que “De Volta à Itália” nos provoca em sua rápida sessão – e mesmo assim talvez se encaixe de forma perfeita às suas pretensões.
Veja o Trailer: