Demais Pra Mim

Demais Pra Mim Crítica Filme Netflix Pôster

Sinopse: Em “Demais Pra Mim”, cansada de encontros casuais, uma jovem com uma rara doença genética decide que quer viver um grande amor.
Direção: Alice Filippi
Título Original: Sul più Bello (2020)
Gênero: Romance | Comédia | Drama
Duração: 1h 31min
País: Itália

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De Menos

Direto da Itália, a comédia romântica “Demais Pra Mim” ganha distribuição internacional esta semana pela plataforma de streaming Netflix, após passar pelo circuito comercial de seu país. Estrelado por Ludovica Francesconi, o filme dirigido pela estreante Alice Filippi conta a história de Marta, uma jovem que possui um rara doença genética denominada mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística. Afetando a produção de muco e com o risco deles ocuparem boa parte dos pulmões de forma rápida, uma crise é bem mais perigosa do que um ataque de asma e pode levar a uma morte rápida.

Convivendo com essa condição desde criança, o espectador é apresentado à personagem em um prólogo ligeiro, em que uma menina, órfã desde os três anos de idade, cria em seu quarto casamentos com pretendentes que ela eleva a príncipes encantados, de Zac Efron a David Beckham. Enquanto jovem adulta, ela se mudará para um apartamento em Turim com Jacopo (Jozef Gjura) e Federica (Gaja Masciale). Desde o início, enquanto narradora, Marta clama para que o público não desenvolva por ela um sentimento de pena.

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Com isso, “Demais Pra Mim” tem pela frente um leque de oportunidades enquanto gênero. Enquanto linguagem e estilo, bebe da fonte de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001), longa-metragem que parece insuperável enquanto indie movie europeu, passados vinte anos de sua estreia. Da câmera que se coloca bem próximo do rosto da atriz, aos tons pasteis do figurino e da mise-en-scène, passando pela trilha sonora que pode ser lida como âncora de comédia, romance ou drama, em uma narrativa híbrida. Não foram poucos os exemplos que surgiram, mas de forma apenas a emular, o que tornou nossa memória ainda mais concentrada na imagem consagrada por Audrey Tatou.

Aqui a diretora parece levar a sério a diretriz de sua protagonista. Não vai pelo caminho do melodrama, com a intenção de provocar lágrimas exageradas do público. Usa pouco o alívio cômico dos coadjuvantes já mencionados e a eventual rixa com Beatrice, que trouxe para o elenco Eleonora Gaggero, sucesso nas redes sociais e TV da Itália desde a adolescência. O romance com Arturo (Giuseppe Maggio) também se pauta na quebra de expectativa sobre a ideia de príncipe encantado que se encaixa em tramas como esta. Ao não saber se subverte essas ordens ou se reproduz de forma crítica, o longa-metragem acaba não escolhendo a melhor via para contar sua história.

Não que isso faça da obra uma experiência desagradável. É divertida, emocionante e sensível, mas em voltagem baixa. Fofinha, para baixar o nível das adjetivações, como muita gente gosta de identificar. Marta nos comove pela sua confiança, mesmo que abalada quando percebe que a busca por um relacionamento será difícil nesse mundo imediatista. Francesconi faz uma boa composição da personagem, nos convence de que ela possui uma consciência da finitude da vida bem maior do que a média para sua idade. Isso aumenta o peso de suas frustrações e torna mais urgente seus planos, como não seria diferente.

Quando estava sozinha, a trajetória dela parecia até mais promissora. Seu encontro com Arturo e a decisão de omitir sua doença leva “Demais Pra Mim” para o tradicional rumo que une romance e o dilema que envolve esconder a verdade de quem estamos apaixonados. Ao contrário de outras criações que chegaram ao streaming, usa pouco os aspectos territoriais, de Turim conhecemos apenas o clube Armida – além de trazer canções pops em inglês que despersonalizam a narrativa, ainda mais se pensarmos na forte música italiana, refletida na canção-título do grupo Alfa que surge nos créditos.

Veja o Trailer:

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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