Dia do Sim

Dia do Sim Filme Netflix Jennifer Garner Crítica Pôster

Sinopse: Cansado de dizer não para tudo, um casal permite que os filhos ditem as regras durante um dia inteirinho, o Dia do Sim. Essa vai ser uma aventura e tanto!
Direção: Miguel Arteta
Título Original: Yes Day (2021)
Gênero: Comédia | Infantil | Família
Duração: 1h 26min
País: EUA

Dia do Sim Filme Netflix Jennifer Garner Crítica Imagem

Mudança de Comportamento

Em lançamento para o público infantil (ou “filme de família”, se você preferir) a Netflix inseriu hoje em seu catálogo “Dia do Sim“, comédia protagonizada por Jennifer Garner. A vencedora do Globo de Ouro em 2002 pelo seriado “Alias” (2001-2006) também está creditada na produção deste longa-metragem que adapta, pelas mãos de Justin Malen, o livro escrito pela famosa dupla de autores Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld, cuja bibliografia é indicada para crianças em período de alfabetização nos Estados Unidos.

Trata-se de um filme situacional e tão simples quanto uma narrativa feita para o consumo dos pequenos. O casal Allison (Jennifer Garner) e Carlos (o venezuelano Edgar Ramírez) sempre se orgulharem por serem permissivistas. Nunca deixavam para trás nenhuma aventura ou oportunidade de experimentação ou diversão. Típicos de um recorte geracional que não deseja transportar a forma mais rígida e autoritária com a qual os pais o tratavam. Porém, quando os filhos chegam, a situação muda. É preciso dizer não – muitas vezes. Seja pela falta de experiência ou para não transformar a formação dos menores uma jornada irresponsável.

Percebendo que isso estava os tornando tão quadrados quanto pais à moda antiga, eles aderem ao “Dia do Sim”. Ou seja: durante 24 horas eles não negarão nada às duas crianças e à adolescente da casa. Claro, respeitando normas básicas de segurança e negando antecipadamente qualquer situação que os deixem em risco. De resto, vai da criatividade de Nanda (Julian Lerner), Ellie (Everly Carganilla) e Katie (Jenna Ortega, sucesso desde muito jovem e confirmada no quinto filme da franquia “Pânico”). Por sinal, o sopro de inspiração vem na primeira cena do segundo ato – quando o tal dia começa. A primeira “ordem” dos filhos é assustadora: permanecer até o final do Yes Day sem contato com nenhum aparelho eletrônico. De imediato, o que elas querem é somente atenção.

Dali em diante o longa-metragem descamba para a comédia infantil mais rasgada possível. Uma sequência de trollagens com os pais, que vai desde passar por um lava-jato com as janelas do carro abertas, até uma sequência de eventos em um parque de diversões. O diretor Miguel Arteta não quer perder tempo com reflexões e já inicia em uma montagem inaugural, recheada de todas as informações que o espectador precisa. Trabalho bem diferente de “Por um Sentido na Vida” (2002), narrativa de estranhamento sobre a sociedade norte-americana, que muitos acreditavam que daria uma indicação ao Oscar a Jennifer Aniston há quase vinte anos (informação essa que fez eu me sentir um pouco mais velho instantaneamente). Depois, quando ela não foi lembrada por “Cake: Uma Razão para Viver” (2014)“, a atriz brincou com a nova esnobada da Academia.

Temos aqui um texto que saca as gags do banco de dados de Hollywood, com o pai cantando Gummy Bear e a criancinha curtindo um Faith no More, entre outras misturas de constrangimento e inocência. Para os adultos, é possível que a perda de interesse aconteça rapidamente – é daqueles produtos para consumir ao lado das crianças. Garante, talvez, algumas risadas para casais que adoram conversas do tipo “porque quanto eu tiver filhos, vai ser diferente”.

O termo que procuramos – e que está sempre na lista de adjetivos evitáveis, mas que aqui se encaixa como uma luva – é inofensivo. Repete-se, por exemplo, piadas idiomáticas com a cantora H.E.R., estrela em participação especial. O clímax é recheado de sujeira – apesar das representações evitarem qualquer escatologia. Não falaremos mais porque grandes revelações de roteiro tornará sua missão do final de semana um pouco mais difícil.

O que temos aqui é o poder de fazer as crianças deste lado da tela se “realizarem”, ao assistir aquela diversão comandada por elas a troco de transformar os pais em uma piada. Como qualquer figura de autoridade que sempre seremos para eles, não deixa de ser encantador para o público-alvo. O filme só não será inofensivo se ele se transformar em inspirador – e ao final da sessão você ser convocado a promover um “Dia do Sim” nos seus domínios.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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