Diga-Me Quando

Diga-me Quando Crítica Filme Netflix Pôster

Sinopse: Em “Diga-Me Quando”, o workaholic Will dá uma pausa na vida em Los Angeles para realizar o último desejo do avô: visitar os lugares mais famosos da Cidade do México e se apaixonar.
Direção: Gerardo Gatica
Título Original: Dime Cuándo Tú
Gênero: Comédia | Romance
Duração: 1h 35min
País: México

Diga-me Quando Crítica Filme Netflix Imagem

Feitiço do México

Diga-me Quando” atrairá para o setor de lançamentos da plataforma Netflix um público pouco acostumado com novidades: os fãs do seriado “Chaves”. Isso porque, nos minutos iniciais da história de Will (Jesús Zavala), neto de imigrantes que ultrapassaram a fronteira e fizeram a vida nos Estados Unidos, somos brindados com a participação do ator Héctor Bonilla, conhecido daqueles que têm decorados os episódios e falas do clássico humorístico. Ele interpreta o avô do protagonista, que morre sem compartilhar com o jovem seus planos: o de fazer com que ele vá ao México ter contato com suas raízes.

Assim como “À Espreita do Mal“, essa estreia da última semana do popular serviço de streaming é acima da média em relação à sequência avassaladora (e constrangedora) de produções, como “Esquadrão Trovão“, mais um tropeço na carreira de Melissa McCarthy. Quem assiste à comédia romântica latino-americana pode até achar fácil alinhar uma boa narrativa, com uma direção sóbria, sem invencionices e exageros por parte de Gerardo Gatica. Produtor experiente, ele estreia tanto na cadeira de cineasta quanto na de roteirista e parece ter longa carreira em ambas as funções.

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Na base da trama de “Diga-me Quando“, temos a preocupação dos mais velhos provocada pelo choque geracional, principalmente envolvendo nossa relação com o emprego. Juancho (Bonilla) cuidou, ao lado da esposa, do seu neto – após a perda precoce dos pais. Quando se torna adulto, Will parece sofrer os males da contemporaneidade: há muito a ser feito e pouco tempo para se viver. Afundado no trabalho, com boas perspectivas na carreira, os aspectos sociais de sua existência ficam sempre de lado. Na carência direta, o espaço para se divertir ou ter um relacionamento é o problema. Só que seu avô vai além, entende que a ancestralidade é um forte elemento a ser trabalhado pelo neto.

Portanto, a viagem é uma “desculpa” para que uma série de acontecimentos – imprevisíveis, porém humanos. Juancho, no texto de Gatica, prepara uma lista com lugares e coisas a se fazer na Cidade do México, mas não há uma exploração romântica ou exótica das noitadas regadas a tequila e mezcal. Com um protagonista que precisa ser cosmopolita para além do idioma, a trajetória de conhecimento e vivência se realiza com uma modernização de representações e linguagem.

Se pensarmos na referência do título da crítica, o que se fazia na década de 1980 em produções como “Feitiço do Rio” (1984) hoje soa ainda mais anacrônico. Aspectos culturais são pinçados como bons auxiliares e condutores da narrativa, incluindo a tradicional participação dos mariachis. Will já possui a historiografia e os elementos que o vinculam àquele território, por ser parte da colônia latina em Los Angeles. Os vários diplomas na parede do seu quarto nos Estados Unidos denotam seu esforço pelo crescimento pessoal. Portanto, ao deixar demarcado o que já existe na caminhada prévia do personagem, Gatica se permite olhar para o que acontece imediatamente após o encontro com o espectador.

Por se tratar de uma comédia romântica, o par de Will é parte importante dessa história. Como um arranjo dos senhores que enviam o moço da América para o México, uma carta Inês (a famosa atriz de novelas Verônica Castro), tia de Dani (Ximena Romo) o conecta a uma jovem de presença solar e disposta a se divertir também com as diferenças de comportamento do outro. Isso faz com que, além das boas representações, as interações não soem forçadas.

Diga-me Quando” passa longe do risco de uma produção local feita com a chancela da Netflix – o que dá a certeza de uma distribuição mundial em larga escala. Esquece o ideal de construir na mente do público um ambiente exagerado (sob qualquer aspecto) e dá força à história a ser contada. Até a montagem final foge do óbvio ao abrir mão de reciclar imagens de sequências anteriores. Não se vê nada novo na obra, mas por trás de uma sensação de repetir o que já foi feito, há uma dose extra de diversão.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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