Raya e o Último Dragão

Raya e o Último Dragão Crítica Filme Disney+ Pôster

Sinopse: Em “Raya e o Último Dragão”, o reino encantado Kumandra é dividido em cinco regiões e sua população venerava os dragões mágicos que eram presentes no reino. Porém, quando uma força maligna ameaçou a Terra, os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade. Agora, 500 anos depois, o mesmo mal voltou e cabe a uma guerreira solitária, Raya, rastrear o lendário último dragão para restaurar a terra fraturada e seu povo dividido.
Direção: Don Hall | Carlos López Estrada | Paul Briggs | John Ripa
Título Original: Raya and the Last Dragon (2021)
Gênero: Animação | Aventura | Ação
Duração: 1h 47min
País: EUA

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Não Fuja da Raya

Raya e o Último Dragão“, que chegou nesta semana ao catálogo de assinantes “não premium” do serviço Disney+, já deve nos levar – poucas horas depois da desastrosa cerimônia do Oscar 2021, à temporada de prêmios do próximo ano. Será difícil a Academia não lembrar desta animação caprichada do estúdio na categoria a ela designada em 2022, ou cinco anos após o último lançamento da Walt Disney Animation Studios (e não a subsidiária Pixar), “Moana: Um Mar de Aventuras” (2016). Exibido nas salas de cinema, para curiosos, negacionistas e corajosos, a plataforma de streaming fez uma aposta ousada, com estreia simultânea pelo valor de aluguel de exorbitantes R$ 69,90.

Poderíamos traçar longas e ranzinzas linhas sobre esse golpe no bolso do trabalhador brasileiro enternecido pelos pedidos de seus filhos. Quem conseguiu segurar a ansiedade dos pequenos por dois meses (e é assinante do Disney+) agora pode conferir em looping as aventuras de Raya (dublada por Kelly Marie Tran) para salvar o reino de Kumandra (inspirado nos países que compõem o sudeste asiático) em profundo processo de desarmonização desde que os dragões se sacrificaram para que o equilíbrio fosse mantido.

O aspecto inaugural mais interessante de “Raya e o Último Dragão” está na ideia de oposição, de resistência aos desígnios pelo qual os inteligentes animais se ofereceram e o que os humanos materializaram. Kumandra, ao contrário da harmonia e da boa utilização de uma terra fértil e da convivência pacífica entre as pessoas, se dividiu em cinco grupos (Garra, Cauda, Presa, Coluna e Coração). A protagonista, então, precisará passar por todos eles buscando o último exemplar vivo da espécie mais adorada das produções de fantasia hollywoodianas.

É certo que o espectador de Coração duro (ou Coluna travada) precisa relaxar e ignorar que há algumas dezenas de filmes que usam a simbologia do dragão e a fofurice desses seres mágicos como mote. Assim como os vampiros, o cânone por trás de suas representações está tão presente junto ao público que a história pode avançar sem muitas explicações. Porém, ao contrário de nossas críticas à maneira formulaica pela qual “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” (2020) e “Soul: Uma Aventura com Alma” (2020) se erguem, em um processo de gameficação das narrativas infanto-juvenis, aqui a forma como a trajetória de Raya se apresenta é bem menos automatizada – sem, contudo, deixar de ser intensa.

Uma condução de cenas de ação e de lutas que primam pelo realismo e uma trilha sonora que adiciona o drama à imponência épica habitual. Talvez a divisão da obra em quatro diretores (e, por consequência, segmentos) seja o acerto velado aqui. Uma modus operandi comum à essa linguagem há quinze, vinte anos, no início da era digital – e que, aos poucos, foi perdendo espaço para a concentração em um ou dois líderes. Claro que o que permanece e se destaca no longa-metragem são as sequências de aventura e a presença marcante de vozes como a de Akwafina como o hilário dragão Sisu (seguindo a sequência de figuras de destaque azuis do estúdio), encontrado após anos de busca, além de Daniel Dae Kim como o Chefe Benja.

Raya e o Último Dragão” corre o risco de ser menos efetivo em sua recepção junto ao público mais jovem, mas acerta ao fugir de uma lógica que segmenta a narrativa, torna descartável elementos e personagens, nos envolvendo em uma trama clássica de unir uma sociedade (e uma joia) em pedaços. A velha mensagem de união entre povos, que se ergue a partir de uma princesa andarilha – em oposição à clássica visão da Disney desse tipo de personagem (que, aqui, pelo contrário, é a antagonista Namaari). Talvez não vale quase meio auxílio-emergencial para ser auto destruir de dentro da sua smart TV em algumas horas – mas quem segurou a emoção terá mais motivos para se divertir com a primeira boa animação desta nova temporada.

Veja o Trailer:

 

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