Emma

Emma 2020 Crítica Filme Oscar 2021 Pôster

Sinopse: Emma Woodhouse é uma jovem rica e inteligente, que não tem pretensões de se casar tão cedo, para ficar sempre perto do pai. Porém, isso não a impede de dar uma de ‘casamenteira’, tentando juntar casais que considere apropriados entre seus conhecidos, sem perceber os problemas causados com sua imaginação e teimosia.
Direção: Autumn de Wilde
Título Original: Emma (2020)
Gênero: Comédia | Romance
Duração: 2h 4min
País: Reino Unido

Emma 2020 Crítica Filme Oscar 2021 Imagem

Corteja Y Joga

Foi um longo intervalo entre (re)assistir “Emma” na maratona de indicados ao Oscar 2021 e escrever seu texto. Culpa do Festival É Tudo Verdade, que ocupou tantas horas do dia que bagunçou qualquer planejamento da Apostila de Cinema. A madrugada do primeiro domingo, em que o filme foi visto no Telecine Play e a do segundo reservaram uma coincidência: um paredão da atual temporada do BBB totalmente formado por Viih Tube, considerada por alguns (e por vários motivos) uma das jogadoras mais sujas que já passaram pela casa mais vigiada do Brasil.

A menção se justifica se pensarmos que a protagonista, interpretada por Anya Taylor-Joy se parece na forma ensaboada pela qual transita pela corte britânica, aos moldes das criações da talentosa Jane Austen. A versão que a diretora Autumn de Wilde entrega, se compararmos com a dirigida por Douglas McGrath, estrelada por Gwyneth Paltrow e lançada em 1996, aposta bem mais na fina ironia e no deboche britânico para compor sua comédia. Com isso, as confusões provocadas pela série de desencontros que a escritora consagrou em seus romances soa bem menos exagerada e forçada.

Vinda dos videoclipes, a veterana Autumn de Wilde usa sua experiência como diretora de fotografia como uma grande ferramenta da narrativa. Ela deixa a responsabilidade com Christopher Blauvelt, que já havia feito um trabalho excepcional em “First Cow“, um dos grandes injustiçados pela Academia este ano. Por sinal, “Emma” foi lembrado apenas em figurino e maquiagem e cabelo, categorias que filmes de época costumam bater ponto – mas a construção de imagens, o tal design de produção, é o verdadeiro destaque. O maior obstáculo, que atinge diretamente o público-alvo da produção, é que estamos diante de uma história que demora a engrenar.

Assim como Viih Tube, Emma Woodward é uma jovem de 21 anos que conclama para si os privilégios de ser linda, inteligente e rica. Com a vida toda pela frente, ela acaba assumindo o papel de centralizadora das ações, sem se dar conta que muitas movimentações e escolhas afetarão a si mesma. A tentativa de lapidar uma protagonista pouco dadas às convenções acaba exigindo da atriz Anya Taylor-Joy mais carisma do que ela parece conseguir entregar.

Essa afirmação talvez seja capaz de atrair uma parcela de haters, que sem dúvida será menor do que os quase 17 milhões da participante do reality-show. Afinal, Anya venceu há algumas semanas o Globo de Ouro de melhor atriz de filme ou minissérie televisiva por “O Gambito da Rainha”. Aqui não conseguimos precisar o quanto a falta de energia colocada nas atitudes da personagem é reflexo de seu trabalho. Fica a impressão de ser algo bem mais calculado pela cineasta e sua equipe do que uma limitação.

Com desencontros, tramas e shippadas bem menos provocantes do que a média de longas-metragens deste filão, quem não se incomodar com essa quebra de expectativa encontrará uma segunda metade mais observadora, inaugurada em uma demorada sequência de dança. Uma forma bem mais interessante de explorar a direção de arte vistosa (uma das mais bonitas do gênero em muito tempo). Sai o excesso de informações e personagens que atravessam suas tramas. Afinal, quem entende o que aqueles dummies fazem, não é mesmo? Fica uma variante contemplativa, que foge da dinâmica que parece padronizada. Aos poucos, o que já era menos caricato vai ficando mais sombrio – até mesmo na trilha sonora.

Emma” não se socorre às reproduções verbalizadas do texto afiado de sua criadora. Sua originalidade talvez surpreenda os booktubers mais apaixonados, mas o resultado final no atual contexto deixa o filme com grandes chances de escapar de qualquer paredão.

Veja o Trailer:

 

Clique aqui e leia críticas de outros indicados ao Oscar 2021.

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *