“Godzilla vs. Kong” chegou ao HBO Max. Leia a crítica.
Sinopse: Em uma época em que os monstros andam na Terra, a luta da humanidade por seu futuro coloca Godzilla e Kong em rota de colisão que verá as duas forças mais poderosas da natureza no planeta se confrontarem em uma batalha espetacular para as idades. Enquanto Monarch embarca em uma missão perigosa em terreno desconhecido e descobre pistas sobre as origens dos Titãs, uma conspiração humana ameaça tirar as criaturas, boas e más, da face da terra para sempre.
Direção: Adam Wingard
Título Original: Godzilla vs. Kong (2021)
Gênero: Ação | Ficção
Duração: 1h 53min
País: EUA | Austrália | Canadá | Índia
O Show de Trumonsters
Assim como “Os Pequenos Vestígios“, outro lançamento da semana na HBO Max vem do período de retomada das salas de cinema em 2021, ainda que precipitadas por estarmos em uma pandemia viral. “Godzilla vs. Kong” é mais uma visita a dois universos de monstros consolidados no imaginário cinéfilo, em que a possibilidade de conflitos após um duplo – e extenso – cânone é o grande atrativo. Assim como ocorreu em 2004, qual Paul W.S. Anderson fez com “Alien vs. Predador“.
Após uma sequência de curtas e longas-metragens de ação menores, o cineasta Adam Wingard descobriu seu talento: ser um obediente contratado para mexer em franquias e releituras de obras com uma base de fãs consolidada. Foi assim com “A Maldição de Blackhills: Bruxa de Blair 3” (2016) e a versão de 2017 de “Death Note“. Depois disso, ele mergulhou no universo dos titãs King Kong e Gojira para fazer uma mistura de filme apocalíptico e homenagem aos monstros tecnológicos da saga “Transformers“.
A trama ainda entulha um leque de personagens que permite fazer subtramas com outras abordagens referenciais, em um projeto que o leva a crer que os investidores acreditaram que teria a mesma minutagem de uma das maratonas promovidas por Zack Snyder. Porém, Adam tem como decisão estética manter a projeção sempre abaixo de duas horas.
Na ponta do iceberg, Kong cansa de ser pajeado na Ilha da Caveira, um ambiente controlado que reproduz seu habitar natural na Terra Oca e, tal qual Truman Burbank (Jim Carrey) em “O Show de Truman” (1998) decide experimentar o que seria a vida real. Uma revolta programada, já que a fuga de Godzilla assusta a sociedade. Pela primeira vez ele promove um ataque não reativo, o que leva a crer que estamos com sério problemas. Tirando do bolso uma mitologia Iwi, que já atestava a rivalidade dos grandões, o próprio Paul W.S. Anderson mergulharia no embate. Michael Bay o faria com um corte a cada meio segundo, o que faria eu cuspir parte do café-da-manhã que antecedeu a sessão. Já Wingard quer explorar outras vizinhanças.
Sendo assim, “Godzilla vs. Kong” traz uma aventura adolescente liderada pela carismática Millie Bobby Brown (no papel de Madison Russell), uma trama governamental sigilosa, um plot conspiracionista e uma vinculação afetiva de uma menina pelo gorila gigante. Claro que ele não seria páreo para a mistura de outro gorila com uma baleia. Kong parece um crossfiteiro-aulas-cria perto de um oponente que nada, cospe fogo, gases, raios e não sei mais o que. O filme, então, precisa pensar em formas paralelas de desfazer a ideia de um Davi e Golias no que, aqueles que teoricamente o controlam, entendem como um avanço da teoria evolutiva. Um deve sobreviver para que a Humanidade possa viver em paz. Portanto, vamos provocá-los mesmo que elas já tenham dado pistas de que podem viver harmonicamente conosco.
É quase como a Leka na primeira edição do Big Brother Brasil enviar suas amigas Cris e Estela para o paredão (apesar de não aparecer, existe temo livre entre a enxurrada de lançamentos em streaming para a Apostila de Cinema curtir uma reprise de reality-show no Viva). Brincadeiras à parte (já que deve existir quem queira levar a sério tal produção), esses diferentes níveis de conspiracionismo e os diversos vínculos afetivos com a situação, torna a narrativa da obra extensa e – já que o objetivo principal é a ação – inócua. A Mad de Bobby Brown, com seu colega Josh (Julian Dennison) e o podcaster infiltrado na Apex, Bernie (Brian Tyree Henry) já garantiriam o fiapo de história que tornaria tudo mais divertido.
As escolhas de Wingard soam perigosas, ameaçadoras. Parece que vários elementos foram colocados apenas para serem testados. Até mesmo um artefato poderoso que tornaria o oponente mais fraco competitivo – e a versão megazord do monstro marinho. Bom para quem gosta de marretar no mesmo filme por semanas em seus vídeos explicados e stories tão conspiracionistas quanto os pensamentos de alguns personagens. No meio desta nova mitologia (de quatro filmes), aquilo que funcionar servirá de desculpas para outros desdobramentos de uma franquia – enchendo de trabalho o crítico fominha em futuras temporadas de estreias.
O padrão de qualidade da Warner faz com que “Godzilla vs. Kong” seja visualmente agradável – e a escolha de um diretor obediente, como mencionamos no início, o torna ainda mais. A mensagem no estilo He-Man ao final do longa-metragem é pueril: a Humanidade quer usar todos os recursos naturais possível para aumentar sua forma predatória de exploração. Legal.
Veja o Trailer: