Sinopse: Música sobre o devir mulher no mundo contemporâneo, sua emancipação e lutas.
Direção: Paula Gaitán
Título Original: Mulher do Fim do Mundo, Elza Soares (2017)
Gênero: Videoclipe
Duração: 5min
País: Brasil
Mulher da Potência do Mundo
Ao aceitar dirigir o videoclipe de Elza Soares (revisitado na Mostra Homenagem da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes), a cineasta Paula Gaitán tomou para si mais uma função fundamental, a de montadora. Sem que precisemos esmiuçar a música em si, composição de Rômulo Fróes e Alice Coutinho que revelou Elza para uma nova geração de ouvintes encantados, o álbum “A Mulher do Fim do Mundo” (2017) conta com onze canções e é o ressurgimento popular daquela que nunca deveria ter se afastado dos grandes palcos.
No entanto, não há como negar que a canção que dá nome ao título tem um ar diferente. Com um cuidado extremo em seu arranjo, sua letra e sua clipe, “Mulher do Fim do Mundo” é, sem medo de errar, um dos produtos audiovisuais mais importantes dos últimos anos no cenário nacional. Não só por Elza (que só precisa aparecer para emocionar), mas por toda a equipe.
Além de Elza, mais algumas mulheres pretas foram convocadas para integrarem a catarse. Grace Passô, Mafalda Pequenino e Mariana Nunes nos dão a certeza de que mulher preta disposta a ir até o fim é o que não falta. Certeza que vemos nas mais diversas funções que assumem em nosso cotidiano.
Como dito, o clipe é de 2017, mas parece não envelhecer. É uma daquelas obras atemporais, pois consegue em um cenário futurista trazer temáticas afro muito adequadas. Talvez, um pouco do que chamamos a afrofuturismo.
A produção de Eryk Rocha faz o casamento perfeito com a direção de Gaitán. Optando por luzes azuladas e flashes muitas vezes desfocados, a diretora foca nos olhos, nas bocas e nas águas que escorrem pelas faces de suas protagonistas.
Os olhares são diretos e severos. Quase inquisidores. Provocando o espectador a responder porque as falhas no sistema ainda existem. No entanto, a dor e a persistência caminham juntas.
Paula Gaitán nos oferece um belo exemplo de que o audiovisual é muito mais aberto do que alguns espaços o querem emoldurar.
Impressionante produção de 2017 – um outro mundo, que ainda emociona e se mostra atual.
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