O Cemitério das Almas Perdidas

Filme O Cemitério das Almas Perdidas Rodrigo Aragão Crítica Pôster

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Sinopse: Corrompido pelo poder do livro negro de Cipriano, um jesuíta e seus seguidores iniciam um reinado de terror no Brasil colonial, até serem amaldiçoados a viver eternamente presos sob os túmulos de um cemitério. Agora, séculos depois, eles estão prontos para se libertar e espalhar sua maldade em todo o mundo.
Direção: Rodrigo Aragão
Título Original: O Cemitério das Almas Perdidas (2020)
Gênero: Terror
Duração: 1h 35min
País: Brasil

Filme O Cemitério das Almas Perdidas Rodrigo Aragão Crítica Imagem

Mortos e Vivos

Antes de falar de “O Cemitério das Almas Perdidas“, nova produção do realizador Rodrigo Aragão, apresentada na Sessão da Meia-Noite da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, devemos destacar a homenagem inicial à José Mojica Marins que se vincula com Aragão a uma escola de cinema de terror brasileira.

Com um início sombrio, o filme primeiro apresenta um escrivão, depois da chegada do europeu ao território brasileiro. Dessa forma, Aragão faz uma citação explicita ao início de nossa tormenta. A primeira parte do longa-metragem é breve, porém vigorosa – como deve ter sido a chegada às Américas. Depois, só mato e matança.

A entrada de um menino negro em cena anuncia que os dois mundos irão se encontrar de maneira não muito agradável em “O Cemitério das Almas Perdidas“. O cemitério diz muito mais sobre aqueles corpos que ainda sobrevivem como mortos-vivos em nosso subconsciente.

Sonho ou ilusão, nos são apresentadas as origens constitutivas de nosso país. Estaria, assim, mais para um pesadelo que Aragão consegue conduzir como Ícelo (deus dos sonhos indesejáveis).

Muitas informações e mitologias nos são mostradas. Estamos falando de Brasil, não? Além da chegada, circos, místicos e sensações de pavor são rememoradas a partir das ruínas de um castelo que permanece. Os monstros do circo nada são diante disso.

A história se repete. A censura aparece de tempos em tempos, mas com a mesma força negativa que amplifica. Escrivães ou artistas, todos serão queimados.

Tratando a narrativa sem preocupação linear, o diretor mistura as selvagerias seculares com as atuais. Por isso, os pesadelos de nosso protagonista são tá vívidos. Ainda não foram enterrados.

Se é possível dizer que existe esse gênero, “O Cemitério das Almas Perdidas” é um filme de terror histórico. Rodrigo Aragão já vinha produzindo interessantes filmes do gênero, como “Mangue Negro” (2008) e “Mata Negra” (2018).

Assim, os destinos das personagens da parte histórica do filme não é um segredo, sabemos que serão mortas. A vila amaldiçoada é quase como um ciclo sem fim. O que a produz é a continuidade de raiva e ódio por corpos distintos.

Parece familiar?

Assista à entrevista com Rodrigo Aragão na cobertura da 24ª Mostra de Tiradentes:

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Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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