O Convidado

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Sinopse: Em “O Convidado”, Jay (Dev Patel) é um misterioso jovem britânico e mulçumano que viaja para o Paquistão para comparecer a um casamento, armado com uma espingarda para sequestrar a futura noiva. Apesar de sua eficiência, circunstâncias o obrigam a fugir com sua refém para a fronteira e Jay tem que lidar com segredos e mudanças de lealdade que colocam seus planos em risco.
Direção: Michael Winterbottom
Título Original: The Wedding Guest (2018)
Gênero: Thriller
Duração: 1h 36min
País: Reino Unido

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Por Uma Vida Menos Ordinária

Uma chuva de clichês compõem o longa-metragem “O Convidado“, que chegou esta semana ao catálogo do Amazon Prime Video. Dirigido por Michael Winterbottom, o filme conta a história de um britânico muçulmano que viaja para o Paquistão e sequestra uma noiva, em um thriller que traz em sua margem questões sociais envolvendo a região da Ásia, trabalhadas com tão pouca profundidade, que a história poderia acontecer em um território diverso. Nada muito diferente das produções mais conhecidas do cineasta, todas lançadas há mais de dez anos, como “O Preço da Coragem” (2007) e “O Caminho para Guantánamo” (2006).

Já sabendo que seguiríamos um caminho, até certo ponto, carregado de obviedade, o diretor explora nos primeiros minutos a aura misteriosa envolvendo o título da obra e a figura de Jay, interpretado por Dev Patel. Acompanhamos a chegada daquele homem em um aeroporto e o único indicativo de que devemos desconfiar de seus atos é a trilha sonora que evoca suspense composta por Harry Escott. Winterbottom, então, vai desenhando este thriller de forma até dinâmica, com o abandono de um carro aparentemente alugado por vários dias aqui, uma pausa na barraquinha da esquina para comprar uma arma ali e o uso de identidades diversas, o que confirma que Jay não é apenas um convidado de uma festa de casamento.

Para se envolver nos passos seguintes sem problematizar, é preciso analisar a câmera exotizante do cineasta. Um expediente que já mencionamos na crítica de “Filhos de Istambul” (2021), produção da Netflix também carregada de clichês, mas que conquistou corações e mentes do espectador brasileiro – alguns fizeram questão de despejar raiva para este humilde crítico. Portanto, a reprodução de centros urbanos paquistaneses e indianos com closes em macacos, a adição de mais buzinas do que a média de um trânsito inquestionavelmente caótico, dentre outros elementos. Contudo, de forma econômica, sem que isso absorva a narrativa, o que talvez frustre o ego daqueles que buscam o reducionismo estereotipado do que afastar os que aplicam um tom crítico às representações.

Com isso, o britânico sabichão também assume sozinho o roteiro qualquer-coisa de “O Convidado“. Adiciona o projeto, além de um ator conhecido no Ocidente, a famosa estrela indiana Radhika Apte no papel de Samira, a moça que será sequestrada – e, claro, desenvolverá um Síndrome de Estocolmo. Usa a projeção internacional para quebrar o tabu da nudez da atriz, em um ato final arrastado porque se resume a um “yes or no question“. A obra se desenha de uma forma simples: Jay sequestra Samira a pedido do seu amante. Ela precisa escolher entre o casamento ou a fuga. Escolhe a fuga. Começam os problemas que coloca dois jovens em uma aventura mal planejada exalando tensão sexual.

Não há como fugir da única resposta que encontraremos no final do arco-íris. Parte da crítica internacional apaixonada entendeu que há uma conexão de releitura de Bonnie e Clyde, no que deve ser um dos maiores exageros argumentativos (e interpretativos) dos últimos tempos. Parte motivada por verbalizações criadas pelo próprio Michael Winterbottom. Há aqui algo mais próximo de outro sequestro de resultados imprevisíveis, o esquecido “Por Uma Vida Menos Ordinária” (1997) em que Danny Boyle (que dirigiu Dev Patel no sucesso “Quem Quer Ser um Milionário“, de 2009) faz acelerar os corações indies noventistas com os “meninos” Ewan McGregor e Cameron Diaz.

Sem ter para onde fugir, “O Convidado” começa a andar em círculos. Reflexo de uma trama enxuta, de estrutura tão fina e retorcida que parece fralda de pano batida na máquina. Não precisava nem botar para secar. Era só esperar a próxima… Enfim, usar de novo. Em um filme que sabemos quase tudo o que vai acontecer, o cineasta sabichão deixa um brinde de mistério nos minutos finais para os aventureiros que seguirem seu plano de fuga.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

1 Comment

  1. Tive a impressão de que o “crítico’ não assistiu o filme. De saída, pq não pude identificar a alegada “chuva de clichês’ ou a ‘câmera exotizante do cineasta’. Tampouco vi qualquer tipo de ‘reducionismo” a respeito de questões sociais. De fato, a trama do filme é enxuta, mas surpreendente e suficientemente densa. Enfim, nada que se pareça com uma “fralda de pano batida na máquina”, Aliás , imagem de péssimo gosto.

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