Sinopse: Em “O Diabo Branco”, um grupo de quatro amigos – em viagem de carro pelo interior da Argentina – tem um estranho encontro com um misterioso homem quando chegam para pernoitar em uma pousada local. As férias ideais dos amigos são arruinadas quando eles acabam se tornando reféns de uma antiga lenda maligna que assombra a cidade.
Direção: Ignacio Rogers
Título Original: El Diablo Blanco (2019)
Gênero: Drama | Horror | Thriller
Duração: 1h 23min
País: Argentina | Brasil
Sem Sinal de Telefone
Ignacio Rogers, ator em “Estuários” (2016), dentre outros, faz a sua estreia em direção de longas-metragens (apesar de já vir há alguns anos dirigindo curtas com temáticas diversas) com um filme de terror que contem quase todas os elos clássicos. A mata isolada, a alma assombrada, o ritual de purificação, os jovens desavisados, a possessão, a lenda originária… Até a lagoa tem um papel importante em “O Diabo Branco“.
No entanto, a narrativa mantem o mistério de um lado quando demora a destrinchar os detalhes da lenda, mas revela cedo demais o processo pelo qual passa Fernando (Ezequiel Díaz). Não é muito difícil, aliás, imaginar que este está embarcando em uma viagem que tem tudo para dar errado. Quando Fernando e um grupo de amigos resolvem descansar no interior da Argentina, ele sugere as cabanas de Carlos (Nicola Siri), um antigo amigo da família.
Já na estrada, uma série de altares (bem estranhos; do tipo com a foto da pessoa invertida e palavras escritas em um idioma originário que não precisariam de tradução melhor que: fuja!) são avistados e chamam a atenção dos colegas que preferem ignorar as premonições por uns bons dias de ar fresco no rosto. Tudo bem, um filme de terror só acontece quando ignoramos sinais claros. É evidente também que, após chegarem ao vilarejo, o grupo fica preso não somente pelos locais, mas pela força oculta que coordena os passos de todos indiretamente.
Apesar de perceber e fazer piada com um certo entusiasmo excessivo que Carlos tem pela lagoa, trivialmente Fernando decide dar um belo passeio sozinho de madrugada justamente pelo local enquanto todos dormem. E, é aí que a história recomeça. A relação estranhíssima que Anhahí (Ailín Salas), a filha da cidade grande, tem com a família também liga o alerta. Podemos dizer que, de certa forma, ela sela os destinos de nossos forasteiros.
O próprio diretor diz se inspirar em clássicos e a referência a Jason fica clara não somente pelo cenário, mas também em algumas sequências com muito sangue. Rogers aproveita as belezas do norte da Argentina (o filme foi rodado em Tucumán) para girar o eixo entre o clima de liberdade do início do filme (que rapidamente se transforma na angustiante sensação de dependência e isolamento completos) e fincar um dos pés na tradição.
Há algo do folklore argentino que deixa transparecer na ficção criada por entre facas gaúchas e símbolos regionais. Toda ideia do invasor, “O Diabo Branco”, está ali. Tanto que Fernando acaba por se envolver no ritual local e se encaixa como peça perfeita. A impressão que fica, entretanto, é que outras peças foram ficando no caminho e que teriam mais a nos dizer.
O que não o faz um filme ruim e, talvez, por isso sobre um pouco de frustração. Existe tensão, mas falta borogodó que talvez estivesse em algum lugar na história mais profunda das personagens.
Veja o Trailer: