O Presente

O Presente The Present Crítica Curta Oscar 2021 Pôster

Sinopse: Em seu aniversário de casamento, Yusef sai com sua filha na Cisjordânia para comprar um presente para sua esposa. Em meio a soldados, estradas segregadas e postos de controle, quão difícil isso pode ser?
Direção: Farah Nabulsi
Título Original: الحاضر | The Present (2020)
Gênero: Drama
Duração: 24min
País: Palestina

O Presente The Present Crítica Curta Oscar 2021 Imagem

Respeito por Obrigação

Em nossa crítica, a ser publicada daqui a alguns dias sobre “A Última Lua” de Miguel Littín, trataremos da falsa ideia de que as tensões territoriais entre judeus e árabes na região da Cisjordânia “sempre existiram”. Essa parece ser a versão oficial do Ocidente que, quando não lhe interessa economicamente, não parece tão humanitária enquanto estratégia de Estado. Resta aos mais interessados se informar sobre os assuntos. O audiovisual e suas fronteiras invisíveis são uma importante ferramenta de conhecimento. O curta-metragem “O Presente“, da cineasta Farah Nabulsi é um exemplo e sua indicação ao Oscar de 2021 aproxima a questão de forma sensível.

Yusef (Saleh Bakri) leva uma filha familiar aparentemente harmônica. Sua filha Yasmin (Maryam Kanj) e a esposa Noor (Mariam Basha) adicionam à sua representação essa estabilidade. Expediente que não encontra guarida do lado de fora de sua casa. Morador da área da Palestina, ocupada pelo governo israelense e não reconhecida por parte da comunidade internacional, o protagonista transforma a humilhação diária das revistas e questionamentos das barricadas em uma rotina desagradável, porém, inescapável.

No aniversário de casamento ele irá com sua filha para a área da Cisjordânia, onde conseguiu negociar uma geladeira nova por um preço atraente, que justifique a via crucis pela qual ele fatalmente passará. Uma narrativa que nos lembra a todo instante sobre a limitação de liberdade, movimentos e dignidade. Cada vez mais a forma como a população palestina é tratada vira assunto de ordem – e o sucesso da vacinação em Israel, que ignora os moradores das áreas ocupadas adicionou mais alguns argumentos. A defesa daqueles que não veem uma política higienista na região parece mais difícil nos últimos tempos.

Porém, “O Presente” não se pretende tão amplo sobre a questão. Pelo contrário, parte de um exemplo bem específico e aposta na criação de empatia do espectador para abrir os olhos de parte do público. Usando o formato tradicional de curtas-metragens que foca em uma história curta, de poucos personagens, transporta para nós as humilhações sofridas por representantes do povo como Yusef, que só querem atravessar a barricada com um bom adquirido como fruto do próprio trabalho.

Já a filha Yasmine passa por uma experiência que lhe provoca consciência e indignação de imediato, o tipo da maturidade precoce que crianças de sua idade não deveriam passar. Ela se ergue enquanto desobediente de regras, em uma conclusão que poucos defenderão como condenável. A não ser quem compre a versão oficial de que há humanos diferentes e não merecedores de respeito.

Veja o Trailer:

 

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Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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