Sinopse: Nossa sociedade e história, cheia de belezas e absurdos
Direção: Erick Oh
Título Original: Opera (2020)
Gênero: Animação | Épico
Duração: 9min
País: EUA | Coréia do Sul
Operando em Blocos
O curto e enigmático trailer de “Opera“, curta-metragem de animação indicado ao Oscar 2021 que não apostou na divulgação de screenings diretos – fazendo com que dependêssemos de monitoramento de festivais sobre o assunto nas últimas semanas – dá o tom épico da narrativa pensada pelo cineasta Erick Oh. O coreano é mais um que se torna produtor independente após anos de experiência na Disney Pixar. Com a carreira em crescimento, seu projeto seguinte, “Namoo“, foi selecionado para o Festival de Sundance, que aconteceu há algumas semanas.
A obra, de pouco menos de dez minutos de duração, nos traz estruturas de uma sociedade, comungando com a ideia de que estamos dentro de um organismo intrinsicamente conectado. Com pouco uso de som, essa ópera da vida é quase uma Torre de Babel sem palavras. Aliás, a ausência de verbalização nunca foi tão utilizada e também tão necessária em produções de animação.
“Opera” se apresenta tal qual um exercício de análise. O realizador nos traz bibliotecas, salas de aula, espaços de culto, um velório e até uma reprodução da Santa Ceia. Se preocupa em identificar quais espaços são marcado pela confluência de características dos personagens – e quais estão abertas para a pluralidade. Isso fica mais nítido quando, mais ao fundo, ele traz a camada espessa da sociedade, onde estão as festas e as linhas de produção dos trabalhadores. Uma comunidade que “opera” em silêncio e que parece sempre perto de um conflito.
Em um estilo RPG, quando essa estrutura minimamente se rompe, a batalha tem início. Tendo uma baleia como situação-limite, como grande evento que estanca as rupturas que estavam prontas a se manifestarem com mais violência, o curta-metragem pode ser lido como uma visão pessimista do pacifismo enquanto utopia, na dependência do extraordinário. Ou pode ser a simplificação de um debate complexo, que uma maratona de consumo de filmes em profusão seria incapaz de provocar. É provável que a vitória na noite do Oscar fique com “Burrow“, um Pixar-raiz. Mas, assim que a onda passar, seria bom rever “Opera” para buscar novas formas de expressão naquele sistema curiosamente desenvolvido.
Veja o Trailer:
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