Sexo e Revolução

Sexo e Revolução Documentário Crítica Pôster

Sinopse: No começo dos anos 1970, os homossexuais argentinos eram presos e torturados pela polícia ou em instituições para doentes mentais. Alguns gays decidiram lutar, juntaram-se a grupos revolucionários e fundaram a Frente de Libertação Homossexual. “Sexo e Revolução” mostra que os partidos de esquerda não estavam prontos para eles.
Direção: Ernesto Ardito
Título Original: Sexo y Revolución (2020)
Gênero: Documentário
Duração: 1h 43min
País: Argentina

Sexo e Revolução Documentário Crítica Imagem

Cárceres Culturais

O diretor Ernesto Ardito traz em “Sexo e Revolução” outra perspectiva do movimento revolucionário esquerdista pulsante que tomou conta da Argentina na década de 1970. Com exibição na Mostra Foco Latino-Americano do Festival É Tudo Verdade 2021,o cineasta foca em corpos que sofriam outra opressão. Ao contar a história desse momento a partir das vozes de pessoas que fizeram parte da construção de grupos homossexuais com orientação política esquerdista, elabora uma importante narrativa de lutas entrecruzadas que podem ser resumidas em uma palavra: controle.

As convenções e opressões sociais atravessam nossos corpos e vivências de diversas formas e, o documentário ressalta algumas logo em seu início. Gênero, classe, raça, orientação sexual são utilizadas como forma de controlar e distribuir papéis. Dessa forma, podemos inferir que é esperado que nos comportemos de determinada maneira para atender a uma divisão previamente acordada e, quando fugimos dessa ordem sofremos algum tipo de represaria.

Até 1973, na Argentina, homossexuais eram vistos como pessoas com problemas mentais que deveriam passar por um processo de cura (bom, ainda há quem defenda esse tipo de tratamento) através de sessões de análise ou de ações mais invasivas como choques e lobotomias. A figura de Hector Anabitarte, militante do Partido Comunista assumidamente homossexual que foi um dos criadores da Frente de Liberación Homesexual em 1971, é central para compreendermos as movimentações que começam a surgir a partir do grupo e de outras organizações como o grupo Eros.

Tendo a diversidade como um de seus lemas, a FLH procurava reunir homossexuais e outras pessoas que eram contra o regime ditatorial imposto e regulava seus corpos de diversas maneiras possíveis. O Manifesto Sexo e Revolução, que dá nome ao documentário e tem trechos lidos ao longo de suas sequências, mostra as agressões que essas regras e normatizações podem inferir a quem não está dentro das delimitações estabelecidas.

Com depoimentos de Daniel Molina, Valeria Ramirez e Guillermo Garcia, dentre outras pessoas que participaram dessas organizações pelos direitos humanos, Ardito congrega o sofrimento particular ao coletivo. Todxs trazem suas dores pessoais desde a infância e conflitos familiares que são refletidos em suas relações mais amplas e vice-versa. Saber que essa dinâmica ainda opera em muitas histórias torna o debate sempre necessário para que possamos efetivamente construir espaços de diálogo e criação plurais.

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Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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