Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca

Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca Crítica Pôster

Sinopse: Em “Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca”, quando um alienígena travesso e adorável com incríveis poderes cai perto da fazenda, Shaun tenta ajuda-lo mandando o visitante intergalático de volta para casa antes que uma organização sinistra possa capturá-lo, e assim começará uma divertida aventura.
Direção: Will Becher e Richard Phelan
Título Original: A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon (2019)
Gênero: Animação | Aventura | Comédia
Duração: 1h 26min
País: Reino Unido | França | Bélgica | EUA | China | Austrália | Japão | Alemanha | Finlândia | Irlanda

Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca Crítica ImagemShaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca Crítica Imagem

Criatividade Empacotada

Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca” traz de volta os personagens criados por Nick Park, após sucesso de público e crítica de “Shaun, o Carneiro: O Filme“. Assim como a primeira adaptação, esta obra também foi uma das cinco indicadas ao Oscar 2021 na categoria melhor animação em longa-metragem. Porém, se comentamos que na outra produção a competição difícil com “Divertida Mente” (2015) tornou quase impossível o prêmio, este ano – mesmo com uma safra pior na linguagem – o filme passa longe de ser digno de vitória.

Sabemos que seremos opinião minoritária nessa leitura, mas todos os elementos que foram adicionados à narrativa, além de descaracterizadores do universo proposto anteriormente, são tão reiteradamente utilizados que tornam a experiência uma cansativa repetição. Ao elogiarmos na outra animação o acerto no deslocamento dos animais da fazenda para a cidade, sentenciando que uma trama que passa longe da originalidade entrega uma diversão em alto nível, aqui a chegada de um personagem do espaço é apenas a desculpa para a muleta referencial usada em larga escala pelo cinema norte-americano.

É inegável que a qualidade de “Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca” surpreende. Apesar do longa-metragem de 2015 já ter sido realizado por nomes consolidados no mercado, aqui é nítido o incremento orçamentário e as possibilidades que se abrem tanto com o financiamento quanto com a possibilidade de distribuição pela Netflix, líder no mercado de streaming. A adição de uma trama futurista, com novos objetos e sons adicionados ao tradicionalismo da primeira obra, por si só, não é um problema. Há um arco mais complexo, muito mais cores e uma dinâmica de aventura que o assemelha das duas narrativas da Pixar (“Soul: uma Aventura com Alma” e “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica“) quanto da colega de plataforma (“A Caminho da Lua“).

O que incomoda é que parece que o texto de Mark Burton e Jon Brown parece apostar apenas nisso. Fosse uma referência a “Sinais” (2002) e “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977) como complemento, a originalidade tão marcante da condução original permaneceria. Porém, além de se valer dessa ferramenta, o que envolve a edição do filme parece querer enquadrá-lo a uma lógica que ele tão bem rompeu em 2015. Além da aventura escalonada, usando o manual clássico de roteiro, as montagens que avançam com a história, na transição da trilha sonora que telegrafa o andamento mais frenético na segunda metade também estão lá.

O que despertou mais atenção em “Shaun, o Carneiro: O Filme” é que suas representações não provocavam essa lógica cansada de dissecar uma obra bastante padronizada, totalmente o oposto do que ocorre aqui. Seus realizadores sentam na fama de personagens carismáticos, criam algo próximo do genérico para uma geração gamer e parecem gostar de transformar a franquia em só mais uma. Até o humor, tão simplista, porém muito eficiente, dá lugar para algo menos rasgado e mais bobo. Uma segunda mudança de ambiente para os animais da fazenda, bem mais complicada e mesmo assim desinteressante.

O alienígena Lu-La (fortes sinais…) merecia uma trama mais original. Porém, devemos admitir que “Shaun, O Carneiro: A Fazenda Contra-Ataca” não quis em nenhum momento surpreender. Seu caminho enquanto produto já está traçado. Ou seja, se a ideia sempre foi reciclar referências próprias e de outras obras e, se der sorte, criar um personagem fofinho para o futuro, conseguiu. A fila para dar parabéns deve ser grande.

Veja o Trailer:

 

Clique aqui e leia críticas de outros indicados ao Oscar 2021.

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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