Sinopse: Em “Sou Sua Mulher”, Jean precisa fugir com seu filho devido aos crimes do marido. Suas vidas se entrelaçam com um homem e uma mulher, formando uma parceria improvável que os ensina mais do que apenas como sobreviver.
Direção: Julia Hart
Título Original: I’m Your Woman (2020)
Gênero: Drama | Crime
Duração: 2h
País: EUA
O Peso de Ser Sua Mulher
Chegando ao catálogo do Amazon Prime Video, “Sou Sua Mulher” é um bom exemplo de narrativa que vai do drama ao thriller, do compasso de espera à ação violenta, com uma protagonista que se vê envolvida nos crimes de seu marido. A diretora e roteirista Julia Hart (a segunda função dividida com Jordan Horowitz, produtor indicado ao Oscar em 2017 por “La La Land“) é um nome que deve se consolidar na indústria audiovisual norte-americana nos próximos anos. Sem tentar inventar onde não precisa, nem inverter a lógica de um gênero consolidado, tem como guia uma boa história e a executa de forma eficaz.
O filme nos apresenta Jean (Rachel Brosnahan), esposa de Eddie (Bill Heck). Ambientado nos anos 1970, ela aparece sentada em uma espreguiçadeira na bonita casa onde mora. Em uma narração em off, divide brevemente seus sonhos, seus anseios. A simplicidade de uma vida de classe média, com marido e – se possível – crianças. A maternidade soa distante, até que “seu” homem chega em casa com um bebê no melhor estilo “toma que o filho é seu”.
No prólogo, a cineasta já consegue caracterizar bem sua protagonista, explorar bem o design de produção de época muito bem executado e ainda traz a representação da figura masculina que, mesmo ali, já parece ausente. Com o pequeno Harry no colo, sentada no sofá, Jean vê Eddie sair daquele espaço na primeira oportunidade. Hart, então, mantém a câmera na mesma posição, o enquadramento que ressalta a solidão da mulher e o espaço vazio que deveria seguir sendo ocupado pelo homem.
No desenvolvimento da trama, contudo, a personagem terá que enfrentar outras questões. Quando o marido some, Cal (Arinzé Kene), aparece para lhe proteger. A vida de crimes de Eddie foi longe demais e ele precisou, por fim, sumir. “Sou Sua Mulher“, então, vira um drama de perda de autonomia de Jean, que precisa fugir, transitar por lugares e se envolver com pessoas que não conhece. Perde o controle de sua rotina ou será que algum dia chegou a ter? O que a cineasta faz é levar o espectador para o mesmo ponto de conhecimento da protagonista. Embarcamos com Jean nesse confuso processo de se manter invisível, enquanto o choro constante do bebê não deixe ninguém dormir.
O grande destaque da obra é a consciência sobre os caminhos que nos levará. Hart não vê necessidade em adiantar sensações, em promover um suspense para criar expectativas. O ritmo do longa-metragem é regular porque a narrativa ataca o problema imediato. Os segredos por trás de Eddie e tudo o que lhe envolve são revelados quando há oportunidade – assim como a ação, que só faz sentido depois que a personagem de Rachel Brosnahan se envolve de forma exagerada. A atriz (e também uma das produtoras) faz um ótimo trabalho. Vencedora do Emmy em 2018, do SAG e do Globo de Ouro em 2019 e 2020 por “Maravilhosa Sra. Maisel“, ela se consolidou a partir das três temporadas da bem recebidas da mesma plataforma de streaming.
Aqui ela faz outra dona de casa, que agora precisa bater em retirada e deixar para trás boa parte do que fazia sentido em sua vida. Uma crise que não deixa tempo para reflexões ou descobertas que levem a simples consequências. “Sou Sua Mulher” é uma grata surpresa, um filme no qual a violência se apresenta de forma inapelável, sua escalada garante um clímax emocionante e deixa a velha lição de obras do gênero, sempre nos ensina a não olhar para trás. E, claro, um recomeço. Usando a década de 1970 como pano de fundo, nada melhor do que encerrar sob essa perspectiva com a incrível “The Weight”, uma das canções do auge de popularidade de Aretha Frankin.
Veja o Trailer:
Clique aqui e leia críticas de outros filmes do Amazon Prime Video.