Variações

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Sinopse: A história de Antônio Variações, uma artista controverso e pioneiro que acabou como um dos mais aclamados cantautores do país.
Direção:  João Maia
Título Original:  Variações (2019)
Gênero: Documentário
Duração:1h40min.
País: Portugal

Variações

Híbridas Variações

Um filme sobre a vida de Antônio Joaquim Rodrigues Ribeiro, ou Antônio Variações, é esperado há anos pelos fãs. Fomos conferir no Festival In-Edit Brasil 2020. “Variações” cobre, em parte, essa lacuna.

Ao acompanhar a vida do artista desde sua infância no interior de Portugal, João Maia tenta retomar os dilemas e contradições vividas por Antônio. Não se pode falar que o cuidado foi esquecido ao trazer um Antônio desde muito jovem descobrindo o fado, sua mudança para Lisboa ou os anos que passa na Holanda.

Além disso, a caracterização de Sérgio Praia- que interpreta Antônio- desde as roupas e a barba até os trejeitos se aproxima bastante do cantor. No entanto, falta algo. Admito que não sei precisar exatamente o que faz falta no filme, mas a dinâmica não combina com Antônio. “Variações” tem um ritmo de rotina. Bem diferente do que se imagina ser a vida do artista e a construção de sua obra.

Entre os dois Antônios, o do fado e o do rock; o barbeiro e o cantautor, o filme parece mostrar bem mais o primeiro. Nem mesmo quando Antônio Variações assume sua postura de cantor de rock e exacerba o estilo de sua , já peculiar, figura o filme consegue alcançar o ritmo de Variação.

O que fica, é a impressão de que “Variações” não consegue privilegiar Variação. E, como dito anteriormente, não há um motivo exato. Não é pela falta de entrega de Sérgio Praia, nem pela direção de arte , que nos insere nos anos 70/80. Talvez tenha a ver com a montagem. O filme, por vezes, se arrasta em momentos que pediriam uma dinâmica mais intensa.

A rebeldia e a ambiguidade de Antônio estão. Mas seus delírios e seus embates psicológicos são pouco explorados. Seu trânsito entre o fado e o rock diz muito sobre sua personalidade. Um embate eterno entre tradição e liberdade é personificado em seu corpo. Em sua persona Variação.

Assim, podemos dizer que a recepção de “Variações” também é agridoce. Um sorriso no canto do rosto pela construção da personagem e uma certa acidez por seu descompasso.

Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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