Sinopse: A vista é um campo de guerra colonial.
Direção: Fábio Andrade
Título Original: Construção de uma Vista (2021)
Gênero: Experimental
Duração: 12min
País: Brasil
Como se Constrói um Tempo?
Ao ver o curta-metragem “Construção de uma Vista“, disponível de forma gratuita até o dia 25 de julho dentro da programação do Festival Ecrã, inicialmente me lembrei das imagens sobrepostas de Michael Wesely ou de alguns trabalhos do também fotógrafo e artista visual João Paulo Racy. Não sei bem o porquê.
Quer dizer, sei. Essas sobreposições urbanas me interessam e “Construção de uma Vista” já começa com elas. Ainda que apenas de uma janela, texturas são apresentadas. A cidade é sentida de uma maneira bem mais ampla do que poderia ser em um primeiro momento.
A tensão já está imposta. Queiramos ou não, a cidade é tensão. O falso sentimento de abrigo é cortado pelos ruídos fortes que não nos deixam esquecer o que está lá fora. Estranho, é quando silencia. O costume com o incomodo é a tática daqueles que não têm o que fazer em uma guerra que já está definida.
Depois me lembrei do que André Novais Oliveira faz em “Fantasmas” (2010). Fabio Andrade consegue deflagrar de uma janela, com poucas alterações de planos (e deixaremos aqui as surpresas finais) que só gritam mesmo – que querem sair, fugir, explodir – quando compreendem o fim daquilo tudo. Do esgotamento, da repetição, da exploração, do isolamento, do aprisionamento histórico. De novo, de novo, de novo. Mas também das construções.
Acho que por isso ,sem perceber meu inconsciente o relacionou a um obturador aberto. A gente sente falta (e às vezes raiva) das imagens que construíram ou das que a gente construiu a partir delas?
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